novela criada e escrita por
MARCOS CASTELLI
Participam deste capítulo:
Maria Fernanda Cândido como Luciana
Dan Stulbach como Igor
Débora Falabella como Fabiana
Ricardo Tozzi como Alberto (Beto)
Thiago Fragoso como Felipe
Vivianne Pasmanter como Elvira
Danilo Mesquita como Danilo
Giovanna Lancellotti como Paloma
Guilherme Dellorto como Adrian
Louise Cardoso como Fátima
Silva Pfeiffer como Hilda
Leopoldo Pacheco como Fábio
Fábio Beltrão como Ryan
Bruno Guedes como Emerson
Rafaela Sampaio como Monique
José Condessa como Júlio
Gabriela Mustafá como Rafaela
Rafael Zulu como Gilberto
CENA 01. SALA DE IGOR E LUCIANA. INTERIOR. NOITE
DANILO – Maldita! Eu vou acabar com você!
Danilo vai pra cima de Paloma e dá um tapa no rosto dela. Igor e Júlio seguram Danilo. Luciana segura Paloma pelo braço.
LUCIANA – O que você pensa da vida? Quer acabar com a festa do seu irmão?
PALOMA – Só quero que todo mundo saiba quem é esse Danilo de verdade. Um sonso que não tem caráter e esconde a sua homossexualidade de todos.
LUCIANA – Paloma!
Luciana puxa Paloma pelo o braço e sobe com ela para o quarto. Júlio serve um copo de água para Danilo, mas ele rejeita e é acalmado pelo o pai. Close no Felipe, segurando sua taça de champanhe.
FELIPE – Depois dizem que só em festa de pobre tem barraco. (ri)
Corta para:
IGOR – Você está mais calmo?
DANILO – Manda todo embora, pai. Não quero mais ninguém aqui.
IGOR – Pode deixar, meu filho. Mas fica calmo. Não faça nada que você possa se arrepender depois. Júlio, leva ele para o escritório. Não é bom ele ficar aqui.
JÚLIO – Vamos, Danilo!
Danilo levanta do sofá com a cabeça baixa e sai da sala...
CENA 02. QUARTO PALOMA. INTERIOR. NOITE
Luciana entra no quarto. Paloma sentada na cama.
LUCIANA – Por que você fez aquela palhaçada toda, Paloma? Era o aniversário do seu irmão, você não poderia ter feito aquilo.
PALOMA – Que palhaçada? Contar quem realmente é o seu filhinho? Ah, me poupe!
LUCIANA – Me poupe você! Já estou cansada de sempre falar a mesma coisa. Estou cansada de você, cansada das suas atitudes escrotas que você vem tendo ultimamente.
PALOMA – Eu não me arrependo de ter falado toda a verdade. Que o Danilo gosta de homem, e o amiguinho dele é a prova disso. Com certeza eles ficam fazendo coisas nojentas quando estão juntos... se é que os dois já não estão contaminados por um HIV.
LUCIANA (gritando) – Chega, Paloma!
Luciana dá um tapa no rosto de Paloma. Ela parte pra cima de sua filha com tapas no rosto e por todo o corpo. Paloma grita desesperadamente.
LUCIANA (gritando) – Estou farta de você, sua mimada, inconsequente de merda!
Luciana continua batendo em Paloma.
CENA 03. ESCRITÓRIO. INTERIOR. NOITE
Danilo sentado no mini sofá e Júlio ao seu lado segurando sua mão.
DANILO – Eu não queria que fosse dessa maneira. Ela acabou com a minha festa, acabou com a minha alegria. Eu odeio aquela vagabunda.
Danilo chora.
JÚLIO – Eu não sei nem o que fazer, meu amor. Também fiquei muito surpreso com o que ela fez.
DANILO – Paloma me odeia desde quando ela soube que eu era adotado, e por ser o filho que mais foi pra frente. Aquela menina não vai sossegar até acabar comigo, até ela me ver em uma cama de leito na beira da morte.
JÚLIO – Não fala isso, paixão. Eu amo tanto você... Não gosto de te ver assim pra baixo, triste.
DANILO – Júlio, eu não quero ir pra casa hoje. Queria ficar sozinho, pensando um pouco na vida.
JÚLIO – Por mim tudo bem. Se quiser que eu venha te buscar, só me ligar. Eu te amo!
Danilo - Também te amo.
Danilo e Júlio se beijam rapidamente. Júlio levanta e sai entristecido do escritório. Danilo não segura suas lágrimas e chora com a cabeça baixa...
CENA 04. QUARTO PALOMA. INTERIOR. NOITE
Luciana ainda batendo na Paloma. Igor entra no quarto e fica desesperado.
IGOR – Luciana!
Igor entra no meio da briga e puxa Luciana.
LUCIANA (gritando) – Essa garota quer acabar comigo, isso que ela quer Igor.
PALOMA – (gritando) Isso não vai ficar assim!
IGOR – Cala a boca, Paloma! Essa noite você está proibida de sair desse quarto. Se não quem vai te dar uma surra sou eu.
Igor e Luciana saem do quarto. Igor tranca a porta do quarto por fora.
Paloma (gritando) - Eu odeio vocês! Seus filhos da mãe!
Paloma pega seu abajur e arremessa na parede, fazendo um barulho estrondoso. Close no rosto de ódio da Paloma.
*CENA 05. COZINHA. INTERIOR. NOITE*
RYAN – Coitado do meu amigo. Essa Paloma não perde uma oportunidade pra estragar a vida do irmão, né?
HILDA – Não temos nada a ver com isso, Ryan. Eles são família, eles que se entendem. Danilo realmente não merecia passar por isso, ainda mais na festa dele.
FÁTIMA – Coitadinho.
RYAN – Será que eu vou conversar com ele?
FÁTIMA – Melhor deixar ele um pouco sozinho. Tenho certeza que ele quer passar um tempo sozinho pra pensar nisso tudo que aconteceu.
ADRIAN – Imagina tudo que deve está passando pela cabeça dele.
HILDA – Amanhã você liga pra ele filho. Vamos embora que já está ficando tarde, e o ônibus deve tá acabando.
FÁTIMA – Eu vou pedir pro motorista levar vocês dois.
HILDA – Que isso, Fátima, não precisa.
RYAN – Claro que precisa, mãe.
Hilda (belisca ele) – Ryan.
RYAN – Aí!
Adrian e Fátima riem.
CENA 06. QUARTO IGOR E LUCIANA. INTERIOR. NOITE
Igor e Luciana deitados na cama, conversando. Luciana com a cabeça no peitoral do Igor sem blusa.
LUCIANA – Danilo iria te contar sobre a sexualidade dele, mas ele estava esperando uma boa oportunidade para te contar, sabe? Ele tinha medo de você rejeitar ele por ele ser o seu único filho homem e gay.
IGOR – Você sabe que eu não tenho preconceito com essas coisas. Ele sendo ou não sendo gay, ele vai continuar sendo o meu filho.
LUCIANA – O nosso apoio será muito importante para o Danilo nesse momento. Hoje foi um dia muito difícil pra ele.
IGOR – Eu sei disso, meu amor. Amanhã com calma eu vou conversar com ele, e explicar que a nossa relação não vai mudar absolutamente nada.
LUCIANA – É por isso que eu amo você. Por você ser esse homem maravilhoso, um homem que eu nunca iria encontrar na minha vida.
IGOR – Eu que te amo, minha deusa, linda, maravilhosa... (passa a mão sobre a cintura dela) minha gostosa.
Ela sorri feliz para Igor e os dois se beijam. Tempo. Se beijando, Igor passa suas mãos em toda parte do corpo da Luciana. Igor levanta, fica de joelhos na cama, olha fixamente para Luciana. Luciana tira sua calcinha, sensualizando para Igor, que morde seus lábios assistindo sua mulher tirando a calcinha e sua camisola vermelha sexy. Já nua, Luciana lambe um dos seus dedos e passa no bico do peito dela. Igor tira sua blusa, aos poucos ele vai tirando seu short e seu pênis fica marcando na cueca box. Ele pega a mão da Luciana e encosta no pênis. Luciana aos poucos vai abaixando a cueca do seu marido, deixando ele cada vez mais com tesão. Com a cueca toda abaixada, ele segura firme no pênis dele e põe na boca dela... chupando, Igor geme de prazer... A CAM embaça a cena.
CENA 07. QUARTO DANILO. INTERIOR. NOITE
Danilo está saindo do banho, ele pega a toalha que está na cama e enrola sobre sua cintura. Ele senta na cama e respira fundo. Alguém bate na porta do quarto.
DANILO – Pode entrar.
Adrian entra no quarto, com um sorriso alegre no rosto e segurando uma bandeja.
ADRIAN – Será que eu posso?
DANILO – Mas é claro que sim. Fecha a porta quando entrar.
Adrian entra e fecha a porta.
ADRIAN – Eu sei que o senhor não queria falar com ninguém nesse momento, mas o senhor não comeu nada desde a hora que pisou nessa mansão.
DANILO (sério) – Primeiramente, posso te pedir uma coisa?
ADRIAN (assustado) – Claro.
DANILO – Não me chama mais de "senhor". Danilo ou você já está de bom tamanho.
Danilo ri e Adrian respira aliviado.
ADRIAN – Pensei que o senhor... (corrigindo) Que você iria me dá um bronca.
DANILO – Por que?
ADRIAN – Porque você não queria ver ninguém na sua frente, pois queria ficar sozinho... E eu apareci aqui do nada, sem intimidade alguma.
DANILO – Senta aqui na cama.
ADRIAN (surpreso) – Eu?
DANILO – Tem mais alguém aqui?
ADRIAN – Não.
DANILO – O que está esperando?
Adrian põe a bandeja em cima da cama e senta no recamier.
ADRIAN – Foi a pior comemoração que você já teve, né?
DANILO – O pior de toda minha vida. Nunca me sentir tão envergonhado em toda minha vida. Ela acabou com a minha alegria, Adrian. Era isso que ela queria.
ADRIAN – Mas você não pode abaixar a cabeça pra ela. Precisa mostrar que você é forte, que não tem medo das coisas que ela faz. Seja corajoso e mostra pra ela que você é mais perigoso do que ela.
Danilo fica sorrindo ouvindo Adrian falar.
ADRIAN – Porque é isso que ela quer, patrão. Que você fique triste, pra baixo e simplesmente que tenha medo dela.
DANILO – As vezes eu confesso que tenho um pouquinho. Eu não sei do que essa doida é capaz.
ADRIAN – Eu no seu lugar já tinha dado uns sacodes nela e colocaria ela em seu devido lugar.
Danilo começa a ri.
ADRIAN – Que foi? Disse alguma coisa errada?
DANILO – Não, não. Imagina... Por um minuto me fez esquecer de tudo isso que está acontecendo na minha vida.
ADRIAN – Que bom que estou fazendo você rir um pouco. Bom, tenho que ir para o meu quarto. Não quero atrapalhar.
DANILO – Não quer ficar mais um pouco?
ADRIAN – Melhor não... Tenho que acordar cedo pra ir no mercado com a minha mãe. Mas amanhã se você quiser, eu posso...
DANILO (interrompendo) – Amanhã eu já não estarei mais aqui. Vou voltar para o meu apartamento, e ficar ao lado da pessoa que eu amo.
ADRIAN – Faz bem... Come tudo, tá bom?
DANILO – Pode deixar.
Adrian não diz nada, apenas sorrir para Danilo e sai do quarto. Danilo olha para bandeja com um pedaço de torta salgada e um suco de laranja. Ele solta um sorriso.
CENA 08. QUARTO DE EMERSON. INTERIOR. DIA
(ao amanhecer...)
Emerson está dormindo. Elvira bate na porta do quarto, mas ele não ouve. Elvira bate mais uma vez e entra no quarto. Close no Emerson dormindo só de cueca. Elvira fica observando Emerson. Emerson se vira, ele abre o olho e vê sua mãe. Ele rapidamente se cobre com o lençol e senta na cama
EMERSON – Que isso, hein mãe? Que falta de privacidade é essa?
ELVIRA – Será que podemos conversar?
EMERSON – Não tenho nada para conversar com você. Ainda mais depois de tudo que a senhora fez comigo.
ELVIRA – O que eu fiz com você, meu amor? Me fala, que a mãe pede perdão de joelhos.
EMERSON – Para de fazer teatro que eu não sou diretor de peça. Você me enganou, disse que iria me acordar e me deixou dormir até eu perder a hora do meu encontro.
ELVIRA – Eu não fiz isso porque eu quis, meu amor. Você estava tão cansado, que eu achei que seria melhor você descansar. Não fiz isso por mal, Emerson.
EMERSON – Não interessa! A menina ficou achando que eu não amava mais ela. Olha o que você quase provocou, e mais uma vez como sempre. Não sei qual é o seu problema que sempre faz de tudo pra mim terminar sozinho.
ELVIRA – Não é isso que eu quero.
EMERSON – Então é o que? Me fala.
ELVIRA – Eu amo você, filho. Só quero que você seja feliz.
EMERSON – Quer me ver feliz? Então me deixa em paz.
Emerson sai da cama e vai para o banheiro. Elvira fica arrasada após a conversa.
CENA 09. QUARTO MONIQUE E RYAN. INTERIOR. DIA
Ryan deitado na cama, com os olhos fechados. Seu celular toca. Ele estica sua mão e atende:
RYAN – (ao cel) Já não te falei que não é pra me ligar essa hora?
ALTERNAR COM RAFAELA NO ÔNIBUS
RAFAELA – (ao cel) Viado, você não sabe quem acabou de morrer.
RYAN – (ao cel) Notícia ruim uma hora dessas? Pelo amor...
RAFAELA – (ao cel) Cala a boca e me escuta. O velho que te banca com presentinhos acabou de morrer de infarto.
Ryan senta na cama.
RYAN – (ao cel) Morreu? Pelo amor de Deus... Isso não poderia ter acontecido de forma alguma.
RAFAELA – (ao cel) Eu acho é bom você não aparecer aqui por um bom tempo, hein bicha.
RYAN – (ao cel) Por que?
RAFAELA – (ao cel) Aquele motorista gostoso dele com certeza vai contar pros filhinhos dele que ele se divertia com garotos de programas e que te dava jóias valiosas. Adivinha? Eles vão querer todas as jóias de volta.
RYAN – (ao cel) Mas eu não posso ficar sem trabalhar. Ainda mais agora que estou terminando a minha faculdade.
RAFAELA – (ao cel) Bicha, você tem mais de 200 mil na sua conta e mais as jóias valiosas que você tem guardado no cofre do banco. E você preocupado em trabalhar?
RYAN – (ao cel) Eu não posso mexer nesse dinheiro agora, e muito menos nas jóias. (Respira) Mais tarde eu te ligo. Muito obrigado por ter me avisado.
RAFAELA (ao cel) – Não tem de quê, meu amor.
Rafaela finaliza a ligação. Ryan rosna de ódio e deita na cama.
CENA 10. SALA DE JANTAR. INTERIOR. DIA
Igor e Luciana estão tomando café da manhã. Danilo entra na sala de jantar com um sorriso no rosto
DANILO – Bom dia!
LUCIANA – Acordou feliz?
DANILO – Acordei um pouco mais alegre. Percebi que não vale a pena ficar chorando por um leite derramado.
IGOR – Que bom acordar e te ver assim com esse sorriso lindo no rosto.
Igor pega na mão de Danilo.
IGOR – Filho... saiba que independente de tudo, você é meu filho e eu amo você. Não interessa o que acontecer eu vou continuar te amando como antes.
DANILO – Eu te amo, pai.
Igor pisca para Danilo. Danilo pega uma torrada e passa geleia.
DANILO – Cadê a outra?
LUCIANA – Seu pai trancou ela no quarto.
IGOR – Daqui a pouco vou ter uma conversa muito séria com ela. Paloma passou de todos os limites, e já estou cansando de passar pano pra ela.
Danilo e Luciana se olham.
DANILO – Olha ele... Super atualizado nas linguagens dos jovens.
IGOR – Tem que ser, né?
Eles riem.
CENA 11. QUARTO/BNHEIRO DE BETO E FABIANA. INTERIOR. DIA
Fabiana está deitada na cama, olhando para nada, mas pensativa. Ela olha para o lado da cama, pega o travesseiro de Beto e cheira. Ela faz cara de choro e de saudades ao mesmo tempo. CORTA: Beto tomando banho. Fabiana entra no banheiro, logo no início da entrada tem uma cueca do Beto. Ela pega a cueca e cheira.
FABIANA – (bem baixinho) Meu amor...
Ela vai tirando toda sua roupa até ficar completamente nua. Ela abre a porta de vidro do box. Beto se assusta e fica de frente para Fabiana.
BETO – O que você está fazendo aqui?
FABIANA – Me perdoa, meu amor. Me perdoa por todas as vezes que eu te deixei sozinho por causa do meu trabalho. Eu te amo! Eu te amo muito!
Fabiana não se aguenta e beija Beto. Beto fecha os olhos beijando Fabiana, suas mãos aos poucos tocam no corpo de sua mulher. CORTA: Beto pega Fabiana e encosta ela na parede aos beijos. Beto aperta um dos seios dela e chupa. O corpo da Fabiana arrepia e ela arranha as costas do Beto com suas unhas. CORTA: O pênis do Beto endurece com o tesão que ele está sentindo. Fabiana passa a mão, e masturba Beto, que geme de prazer. Fabiana se ajoelha, olha para Beto. Beto pega firme na cabeça de Fabiana e aos poucos vai botando a boca dela no seu pênis. CORTA: Beto senta no chão do banheiro com seu pênis ereto. Fabiana senta em cima do Beto e os dois se beijam... A CAM embaça a cena...
CENA 12. ESCOLA SILVINO MONTALEÃO. CANTINA. INTERIOR. DIA
Hilda preparando os lanches da cantina. Elvira entra na cantina e vai até o balcão.
ELVIRA – Bom dia, Hilda!
HILDA - Dona Elvira? Que honra ver a senhora por aqui.
ELVIRA – A sua filha está?
HILDA – Monique? Ela está sim. Quer que eu a chame?
ELVIRA -‐ Não! Não precisa se preocupar em chamar-lá. Eu posso ir até ela?
HILDA – Claro que sim.
Elvira põe seu óculos e sai da cantina...
*CENA 13. QUARTO MONIQUE E RYAN. INTERIOR. DIA*
Monique está sentada na cama arrumando sua bolsa para ir trabalhar. Elvira abre a porta do quarto. Monique se assusta.
MONIQUE – Dona Elvira?
ELVIRA – Será que podemos conversar?
MONIQUE – O que a senhora quer conversar comigo?
ELVIRA - Sobre o meu filho Emerson.
MONIQUE – (preocupada) Aconteceu alguma coisa com ele?
ELVIRA – Não, não, não, não... Mas pode acontecer se você continuar exigindo demais a dedicação dele com o namoro de vocês. Você sabe que daqui há um mês ele tem um campeonato brasileiro, né? Ele vai jogar no time do Flamengo, e eu não quero que nada atrapalhe ele.
MONIQUE – Mas eu não exijo nada dele.
ELVIRA – Não foi isso que ele me falou, querida.
MONIQUE – O que ele falou pra senhora?
ELVIRA – Que essa relação de vocês dois está desgastando ele cada vez mais rápido. Que você exige muito atenção, carinho e muito amor. Ele é jovem, tem uma carreira incrível pela frente, e não quero que ninguém atrapalhe o sonho dele se ser um grande jogador de futebol.
MONIQUE – (entristecida) Eu não sabia que ele achava isso. Ontem mesmo ele disse que estava tudo bem, que me amava...
ELVIRA – Ele mentiu pra não te magoar. E até que entendo um pouco ele, sabe? Deve ser difícil ter uma namorada pobre, que exije demais do namorado rico que tem seus afazeres. Monique... Você sabe que eu gosto muito de você, né?
Ela senta ao lado de Monique e põe a mão sobre as costas dela.
ELVIRA – Eu só quero o bem do meu filho. E tenho certeza que você também quer o bem dele. Mas deixa ele seguir a carreira dele em paz, deixa a cabeça dele livre até o dia do campeonato. Ele precisa está concentrado pra chamar atenção dos olheiros e se tornar um novo jogador mundial. Não seria incrível namorar um ídolo do futebol?
MONIQUE – (entristecida) Acho que sim.
ELVIRA – Então, meu amor. Faça o que eu pedir, e ele será muito grato a você.
Elvira beija a bochecha de Monique e se levanta da cama.
ELVIRA – Qualquer decisão que você tomar pode me ligar a qualquer hora. Tenha um ótimo dia, querida.
Elvira sai do quarto observando com nojo. Os olhos de Monique enchem de lágrimas. Uma gota de lágrimas sai do seu olho direito. Ryan sai de dentro do banheiro e vê sua irmã chorando.
RYAN – Ah, não... tá chorando de novo?
Monique enxuga suas lágrimas.
CENA 14. QUARTO PALOMA. INTERIOR. DIA
Igor entra no quarto da Paloma. Paloma que está deitada, abre o olho e senta.
IGOR – Temos que ter uma conversa muito séria sobre o seu comportamento, Paloma.
Paloma fica assustada olhando para seu pai.
PALOMA – Veio me espancar também?
IGOR – Eu não vou precisar fazer nada disso com você, Paloma. Porque quem vai fazer isso, vai ser a vida. Ontem você fez todo aquele espetáculo na festa do seu irmão em troco de quê? De ver ele chorando, triste por ter passado por um constrangimento que poderia ser evitado? Você não se arrepende?
PALOMA – De que? De ter falado a verdade? Não, eu não me arrependo de nada que fiz. Danilo sempre foi o centro das atenções... tudo que vocês fazem é para o Danilo, e eu fico sempre pra trás. Como se eu não existisse pra vocês.
IGOR – Para de querer se fazer de vítima. Você nunca deixou a gente te dar carinho, amor e muito menos atenção. Sempre querendo ser independente, ser grande antes do tempo. Não me venha com argumentos falsos, que você mesma criou. Eu fico muito triste, mas muito triste de ter visto você crescer e se tornando essa mulher que você é. Que ama ver a infelicidade dos outros, que morre de inveja quando ver alguém sendo feliz.
PALOMA – Eu nunca fui amada como o Danilo é amado por vocês. Nunca, nunca que eu ganhei um carro do ano, sabe por que? Porque toda atenção de vocês são sempre para o Danilo e sempre foi... (Ela chora). O senhor não sabe como é ruim ser excluído das coisas, não ser amada.
IGOR – Eu amo você! Você é minha filha de sangue (bate na veia do braço). Mas você não faz por onde. Muda a sua atitude e você terá tudo que merece e mais um pouco. Não seja essa mulher má, sem coração, ruim. Não seja assim... porque você só vai levar porrada na cara. Não de mim, mas das pessoas lá fora.
Igor ameaça sair do quarto, mas volta...
Igor - Seu cartão de crédito foi reduzido, e seu carro confiscado. Ah... e eu não quero ouvir um "ai" da sua boca contra o Danilo e nem contra ninguém. Se não eu mesmo vou te dar uma surra. E você sabe que a minha surra doi, e doi muito.
Igor respira fundo e sai do quarto. Paloma chora e joga o travesseiro no chão.
CENA 15. APTO DANILO. QUARTO. INTERIOR. DIA
Danilo entra no apartamento. Ele tira seus sapatos, depois sua blusa e vai para o quarto.
DANILO – Amor?
Danilo entra no quarto e encontra Júlio deitado na cama.
DANILO – Júlio?
Júlio aos poucos vai abrindo os olhos.
DANILO – Você está bem? Você parece pálido, sua boca está branca.
JÚLIO ‐ É que eu não comi nada desde ontem quando sair da festa. Que bom que você está aqui.
Júlio abraça Danilo.
JÚLIO – Me desculpe por tudo que eu fiz. Eu não quis fazer nada por querer, não foi a minha intenção.
DANILO – (sem entender) Do que você está falando, meu amor?
JÚLIO – Um dia você vai entender. Não saia de perto de mim. Só me abrace, me abrace muito forte.
Danilo abraça e deita ao lado de Júlio.
CENA 16. ESCOLA SILVINO MONTALEÃO. PÁTIO. EXTERIOR. DIA
Ryan falando no celular...
RYAN – (ao cel) Você tem que me ajudar, Rato. Eu não posso ficar sem o dinheiro do meu trabalho... Sim, eu sei que tenho as jóias e alguns dólares guardados, mas eu não posso aparecer com todo esse dinheiro... Atender em domicílios? Que ótima ideia. Assim eu não fico exposto e ninguém me ver... Então eu vou falar com a menina e ela faz minhas sessões de fotos? Mais tarde eu apareço na casa dela. Muito obrigado!.
Ryan finaliza a ligação. Quando ele vira, ele se assusta com seu pai atrás dele.
RYAN – Pai?
FÁBIO – Quem é Rato, Ryan?
RYAN – Agora o senhor deu de ficar escutando minhas conversas? Eu não acredito nisso.
FÁBIO – O que você está fazendo de errado? Me fala, Ryan.
RYAN – Só estava falando com um amigo, nada mais além disso.
Fábio segura firme no braço do Ryan.
RYAN – Tá me machucando.
FÁBIO – Você já me envergonhou uma vez quando foi flagrado tendo relações com um aluno da escola. Se você me envergonhar de novo, Ryan, eu mato você, tá ouvindo? Mato você sem remorso algum.
RYAN – Como o senhor pode ser tão injusto comigo? Logo eu que trabalho só pra comprar o seu remédio que custa o olho da cara.
FÁBIO – Não faz mais nada do que sua obrigação. Você come da minha comida, dorme na cama que eu comprei e veste as roupas que eu te dei. É por isso que eu gosto do seu irmão, ele sim me dar orgulho.
RYAN – Gosta tanto que vivia espancando o menino.
FÁBIO - Fiz isso pra ele não se tornar um bichinha como você.
RYAN – Quem pode provar que ele é macho? Vai que ele é um garoto de programa?
Fábio ameaça dá um tapa no rosto de Ryan. Ryan põe sua mão na frente. Gilberto aparece na hora, impedindo o tapa.
GILBERTO – Que isso, Fábio? Vai bater no seu filho?
FÁBIO – Filho?
Fábio olha com desprezo para Ryan.
FÁBIO – Eu quero que ele morra.
Fábio vira as costas e vai embora. Gilberto se aproxima de Ryan.
GILBERTO – Você está bem?
RYAN – Não se preocupa comigo.
Ryan respira fundo e fica pensativo.
CENA 17. SALA DE HILDA. INTERIOR. NOITE
(ao anoitecer...)
Monique e Ryan estão sentados na cadeira da mesa de jantar. Os dois conversam cochichando.
RYAN – E você vai se afastar do seu namodado por causa da Elvira? Você tá sendo muito idiota.
MONIQUE – Eu só quero o bem dele.
RYAN – E ele só quer você, Monique. Cadê aquela Monique que estava determinada a ficar com ele?
MONIQUE – Amanhã vou sair com ele, e vou pedir um tempo até ele jogar no campeonato.
RYAN – Tem certeza que você vai fazer Isso? Porque eu não quero ficar no mesmo quarto com você chorando. (ri)
MONIQUE – Palhaço! (Joga um paninho nele).
Hilda sai da cozinha com a panela do arroz e com a outra mão com a travessa de carne assada.
MONIQUE – Meu pai não vai jantar?
HILDA – Depois ele come. Não vou ficar insistindo pra ninguém comer.
RYAN – Ele te contou que hoje ele quase me deu um tapa?
MONIQUE – O que?
HILDA – Como assim, Ryan? Você não me disse nada.
RYAN – Ele ouviu um pouco da minha conversa e achou que eu estava fazendo alguma coisa de errado. Depois ele disse que iria me matar se eu fizesse alguma coisa que pudesse sujar o nosso nome, e... que prefere o Tolentino por ele ser macho.
Hilda – (chocada) Meu Deus do céu! Seu pai cada dia que passa fica pior.
MONIQUE – O que ele está fazendo com o meu irmão se chama crueldade. O menino sempre compra os remédios dele, e ele tem coragem de dizer que o outro é o filho favorito dele?
HILDA – Meu casamento com o seu pai está mais próximo do fim do que nunca.
RYAN – Como assim?
MONIQUE – Você e o pai vão se separar?
HILDA – Deixa eu pegar o suco que eu ganho mais.
Hilda vai para cozinha. Monique e Ryan se olham preocupados.
CENA 18. CLÍNICA DE FABIANA. INTERIOR. NOITE
Fabiana está pegando sua bolsa pronta para ir pra casa. Seu celular toca, ela atende:
FABIANA – (ao cel) Oi meu amor! Já estou arrumando minhas coisas e já estou indo pra casa.
ALTERNAR COM BETO SE ARRUMANDO...
BETO – (ao cel) Já está tudo pronto aqui. Só falta você chegar, pra tudo ficar completo.
FABIANA – (ao cel) Daqui a pouco estou chegando. Deixa eu desligar, se não vou acabar me distraindo e se atrasando.
BETO – (ao cel) Te amo!
FABIANA – (ao cel) Também!
Fabiana finaliza a ligação. Fabiana desliga seu computador. Uma enfermeira entra na sala.
ENFERMEIRA – Doutora Fabiana.
Fabiana olha.
ENFERMEIRA – Tivemos um problema durante a operação de uma paciente.
Fabiana - Operação uma hora dessas?
Enfermeira - Precisamos muito da ajuda da senhora pra terminar essa cirurgia o mais rápido possível.
Close no rosto de Fabiana. Congela na sua expressão de indecisa olhando para enfermeira.
