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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

CAPÍTULO 03

 


NOSSAS VIDAS – CAPÍTULO 03

novela criada e escrita por
MARCOS CASTELLI

Participam deste capítulo:

Maria Fernanda Cândido como Luciana
Dan Stulbach como Igor
Débora Falabella como Fabiana
Ricardo Tozzi como Alberto (Beto)
Thiago Fragoso como Felipe
Regiane Alves como Aline
Marcos Palmeira como Jorge Henrique
Vivianne Pasmanter como Elvira
Danilo Mesquita como Danilo
Guilherme Dellorto como Adrian
Louise Cardoso como Fátima
Silva Pfeiffer como Hilda
Leopoldo Pacheco como Fábio
Fábio Beltrão como Ryan
Bruno Guedes como Emerson
Rafaela Sampaio como Monique
José Condessa como Júlio
Guilherme Leicam como Tolentino
Aline Dias como Nina

CENA 01. CLÍNICA DE FABIANA. INTERIOR. NOITE

FABIANA – Vocês podem contar comigo. Eu só vou me trocar e lavar minhas mãos.

ENFERMEIRA –  Sabia que poderíamos contar com a senhora.

A enfermeira sai da sala. Fabiana olha para sua bolsa e fica pensativa por alguns segundos.

FABIANA – Me desculpe, Beto. Mas a vida do meu paciente é muito mais importante.

Fabiana sai da sala apressada. (CORTA):

CENA 02. SALA DE JANTAR. INTERIOR. NOITE

Beto está sentado na cadeira, com uma taça na sua frente e uma garrafa de vinho. Ele olha para seu relógio e começa a ficar preocupado.

BETO – Será que aconteceu alguma coisa no meio do caminho? Rio de Janeiro está tão perigoso.

Ele vai andando para sacada do apartamento e olha para ver se o carro de Fabiana está estacionado. Ele volta para dentro, indo para sala e pega seu celular que está em cima do sofá. Ele faz uma ligação para Fabiana.

BETO – Não atende.

Beto senta no sofá, passa suas mãos no cabelo e respira fundo.

Amanhece no Rio de Janeiro...

Fabiana abre a porta do apartamento, ela entra exausta e fecha a porta. Beto que está deitado no sofá do jeito que estava na noite anterior, bate palmas para Fabiana. Ele se levanta do sofá, ainda batendo palma.

BETO – Parabéns.

FABIANA – Beto...

BETO – Mais uma vez você me fez de bobo, idiota e de palhaço em apenas uma noite. Já estou formado pra fazer um papel de palhaço na televisão. É só você sentar e assistir.

FABIANA – Tive um imprevisto de uma última hora. Eu iria te avisar.

BETO – (gritando)  Mas não avisou! Esse jantar era a única coisa que podia salvar o nosso casamento do limbo em que se encontra. Você não liga pra mim, não liga pro que eu sinto por você, Fabiana. Você brinca com os meus sentimentos, e já não estou mais suportando tudo isso.

FABIANA – (gritando) Eu tive uma cirurgia importante para fazer. Era a vida e um ser humano que estava em risco, que precisava de mim para sobreviver.

BETO – Como se tivesse só você naquela clínica, Fabiana, não tinha só você. Você acabou de me confirmar que não faz questão de mim nesse casamento.

FABIANA – O que você está querendo dizer?

BETO – Eu quero me separar de você.

Fabiana olha arrasada para Beto.

FABIANA – Você não pode está falando sério.

BETO – Nunca falei tão sério em toda minha vida.

FABIANA – Não faz isso comigo.

BETO – Você me fez fazer isso com a gente. Quantas vezes você já saiu de um jantar pra atender um paciente na sua clínica? Quantas vezes você me deixou plantado lhe esperando para jantar? Tinha vezes que você nem voltava pra casa, e eu tinha que deixar a nossa filha recém nascida com a Fátima.

FABIANA – Mas eu vou mudar, meu amor. É só você ter um pouco de paciência comigo que aos poucos você vai ver essa mudança.

BETO – Paciência mais do que já tive? Impossível. Eu não queria que o nosso casamento chegasse a esse ponto. Engolir muitos sapos pra conseguir segurar esse casamento durante anos. Um casamento que já estava morto desde muito tempo, Fabiana.

FABIANA – Você não pode fazer isso com a gente. Temos uma filha, um casamento...

BETO – Um casamento infeliz que estou vivendo ao seu lado. Alias, que estou vivendo sozinho, porque você passa mais tempo com a clínica do que comigo.

Fabiana se ajoelha para Beto.

FABIANA – (implorando) Não me deixe, por favor. Eu não vou conseguir viver sem você. Você é o homem da minha vida, o homem que escolhi para viver ao meu lado.

BETO – Para de fazer esse papel de ridícula e levanta desse chão. Eu vou para o meu apartamento na Barra, e amanhã venho buscar o resto das minhas coisas.

FABIANA – Se você sair por aquela porta. Eu juro que eu me atiro pela janela.

BETO –  Eu vou sair por aquela porta e você não vai fazer nada.

Beto sai andando e se retira. Fabiana levanta do chão e vai atrás dele.

CENA 03. ELEVADOR/ESTACIONAMENTO. INTERIOR. DIA

Beto aperta o botão do elevador. Fabiana anda apressada até chegar nele e puxa a blusa de Beto.

FABIANA – Você não pode ir embora. Temos uma família juntos, se casamos e só vamos nos separar quando um de nós dois morrerem.

BETO – Para com essas suas loucuras. Você que não deu valor, agora não me venha com essas suas histórias, Fabiana. Eu vou ir embora, pensar um pouco na vida e ver se vale a pena continuar nesse casamento.

FABIANA – É claro que vale a pena. Só você ter um pouco de paciência, só um pouquinho.

BETO – Toda a minha paciência que eu tinha com você, acabou faz tempo.

A porta do elevador se abre. Beto entra e Fabiana também.

FABIANA – Por que você tá fazendo isso comigo, hein? Tá querendo acabar com a minha vida?

BETO – Não seja dramática.

FABIANA – Bem que falam que vocês homens não valem nada. Que quando chega ao certo ponto da relação e quando a mulher fica mais velha, vocês vão embora, vão atrás de uma novinha bem mais durinha do que a atual.

Beto fica irritado, segura nos braços de Fabiana e pressiona ela na parede do elevador.

BETO – Chega, Fabiana! Para de falar merda! Era pra você está comemorando a liberdade que você vai ter pra ficar na clínica até você não aguentar.

FABIANA – Você está querendo que eu me passe por louca? É essa sua intenção? Eu saio como a louca que é viciada no trabalho, e você sai como o marido incompreendido que não tem a mulher na cama? Seu canalha!

Fabiana começa dá tapas no corpo de Beto. A porta do elevador abre no estacionamento do condomínio. Beto sai bravo, e vai andando até seu carro. Fabiana vai correndo para frente do carro de Beto enquanto ele entra no carro.

FABIANA – Você vai ter que passar por cima de mim.

BETO – Sai da frente, Fabiana! Seja madura, não seja uma criança pirracenta.

FABIANA – Eu amo você, Beto. Não é justo que você me deixe nessa altura do campeonato.

Beto gira a chave, o carro liga. Ele acende a luz do farol e buzina.

BETO – Eu não vou repetir mais uma vez.

Beto aos poucos vai pisando no acelerador. Fabiana arregala os olhos olhando para Beto dentro do carro. Beto pisa fundo no acelerador, o carro anda, Fabiana sai da frente do carro. O carro vai embora, e ela grita desesperadamente por Beto. Fabiana encosta na parede do estacionamento e chora arrasada.

CENA 04. CARRO DE JÚLIO. INTERIOR. DIA

Júlio aguardando Danilo. Danilo saindo do teatro, se despede de seus alunos e entra no carro.

DANILO – Que bom que você veio me buscar.

JÚLIO – Por que? Aconteceu alguma coisa?

DANILO – Tô me sentindo um pouco quente. Acho que acordei com um pouquinho de febre.

Júlio coça a garganta e tenta despistar Danilo.

JÚLIO – Talvez seja do clima do Rio de Janeiro. Ontem fez um sol de arder o couro e hoje amanheceu um pouco frio.

DANILO – Espero que seja só isso. Não quero ficar doente perto da estreia da minha peça. Seria horrível pra minha reputação não aparecer no grande dia da estreia.

JÚLIO – Vai ficar tudo bem.

DANILO – Tomara.

Danilo deita sua cabeça sobre o ombro de Júlio.

CENA 05. QUARTO DE EMERSON. INTERIOR. DIA

Emerson entra no quarto, fecha a porta e deita na cama. Ainda vestido com seu uniforme do futebol. Emerson abre sua carteira, dentro dela tem foto sua com Monique No parque de diversões. Ele fica olhando apaixonado para foto. Em mesa de cabeceira está seu celular. A tela acende com uma chamada de Monique. Ele olha pegando o celular e atende:

EMERSON – (ao cel) Oi meu amor! Estava pensando em você nesse momento.

ALTERNAR COM MONIQUE ANDANDO NO CALÇADÃO

MONIQUE – (ao cel)  Será que podemos nos encontrar mais tarde?

EMERSON – (ao cel) Claro que sim. Mas aconteceu alguma coisa? Sua voz está meia estranha.

MONIQUE – (ao cel) Não aconteceu nada que possa te preocupar. Me pega as sete na porta da escola.

EMERSON – (ao cel) Como você quiser. Eu te amo!

MONIQUE – (ao cel) Tchau!

Monique finaliza a ligação. Emerson estranha a frieza de Monique. Ele fica pensativo olhando para a tela do celular.

EMERSON – Alguma coisa aconteceu...

CORTA: Elvira atrás da porta do quarto, com um sorriso satisfeito no rosto.

CENA 06. ESCOLA SILVINO MONTALEÃO. CANTINA. INTERIOR. DIA

A CAM foca de imediato nos alunos entrando na cantina. Tudo muito agitado. Alunos espalhados por todo o lado da cantina, risadas, diálogos (em off) e alguns jogando papéis um no outro. Ryan passa segurando bandeja vazia nas mãos.

RYAN – Parou com essa brincadeira?

ALUNO¹ Qual foi, Ryan? Sua mãe nem tá vendo.

RYAN – Mas eu estou, queridinho. E se vocês continuarem, eu vou chamar o Jorge Henrique.

ALUNO² – Maior estraga prazer, cara.

RYAN – O que vocês vão querer?

ALUNO² – Aquele hambúrguer que só você sabe fazer.

ALUNO¹ – Pra mim também.

RYAN – Não sei se vocês merecem o meu hambúrguer. Vou pensar no caso de vocês.

ALUNO¹ – Qual foi, Ryan?

Close no Fábio encostado na parede da cantina encarando Ryan. Ryan olha para seu pai e fica sério.

RYAN – Já vou trazer o hambúrguer de vocês.

Ryan vai para a cozinha da cantina. A CAM anda até chegar no Jorge Henrique entrando na cantina e sendo recebido por Fábio.

FÁBIO – Bom dia, professor! Quanto tempo que não lhe vejo por aqui.

JORGE HENRIQUE – Como vai, Fábio? Curtindo a vida de aposentado?

FÁBIO – Confesso que é aliviador não ficar em uma sala cheia de alunos. (ri) Mas sinto falta da sala de aula, ensinando os alunos e preparando as provas mais difíceis de Filosofia.

JORGE HENRIQUE – Já disse que se você quiser voltar o segundo ano é todo seu.

FÁBIO – Por mais que eu goste de dar aulas, isso não é mais pra mim. Depois daquele fuzuê com o nome do Ryan...

JORGE HENRIQUE – Isso é passado, Fábio. Não fica esquentando sua cabeça com isso, uma coisa que já aconteceu faz anos e ninguém lembra.

FÁBIO – Eles fingem que não se lembram pra me poupar dessa vergonha. Estava bom demais ter todos os filhos heteros. Agora tenho um gay safado entre a gente... Que pecado! Bom, vou ajudar esse menino na cantina.

Fábio vai para o balcão da cantina. Jorge Henrique balança a cabeça pensativo.

CENA 07. ESCOLA SILVINO MONTALEÃO. PORTARIA. EXTERIOR. NOITE

(ao anoitecer...)

Ryan abrindo o portão da escola. O portão abre e ele bate de frente com Emerson.

RYAN – Opa!

EMERSON – Não sabia que você estava abrindo o portão. É que eu também tenho a chave daqui.

RYAN – Percebi... Olha, eu sei que você é o futuro herdeiro disso tudo aqui, mas toca o interfone avisando que você está entrando, pode ser? Só pra não assustar meus pais.

EMERSON – Pode deixar, Ryan. Dá próxima vez eu faço isso.

Ryan sai andando... Emerson fica observando Ryan e depois entra para a escola.

CENA 08. ESCOLA SILVINO MONTALEÃO. PÁTIO. EXTERIOR. NOITE

Monique sentada no gramado do pátio. Emerson anda até e ela.

EMERSON – Demorei muito?

MONIQUE – Nem um pouco.

EMERSON – Bom, o que você tem pra me contar? Fiquei com isso martelando na minha cabeça o dia todo.

Monique levanta do gramado. Fica de frente para Emerson.

EMERSON – O que está acontecendo, meu anjo?

MONIQUE – Não me chama mais de anjo, Emerson.

(Silêncio entre eles...)

MONIQUE – Eu sinto muito por tudo isso, mas... eu quero terminar com você.

EMERSON –  O que?

Reação de Emerson, surpreso.

EMERSON – Que história é essa de terminar o nosso relacionamento, Monique? Não brinca com uma coisa dessas.

MONIQUE – Não estou brincando, Emerson. Eu não quero mais namorar com você. Tenta entender.

EMERSON – Você não pode está falando sério. Por que isso assim tão de repente? Você me ama, e eu amo você. Não tem lógica você querer terminar comigo.

MONIQUE – É melhor você aceitar a minha decisão e seguir a sua vida.

EMERSON – Não. Você não pode fazer isso comigo, com a gente. O que está acontecendo? Me fala que eu vou entender.

MONIQUE – Você não tem que entender nada. Apenas aceita que nós dois juntos nunca vai dá certo.

EMERSON – Por que eu sou rico e você é pobre?

MONIQUE – Eu sou apenas a filha da cantineira, de um ex-professor e uma simples secretária.

EMERSON – Tem alguma coisa de errado nessa história. Não é possível que você tenha tomado essa decisão sozinha. A minha mãe falou o que com você? Me fala.

MONIQUE – Não mete a sua mãe na nossa história. Eu só não gosto mais de você, não sinto mais nada por ti. Respeita a minha decisão.

Monique anda. Emerson pega no braço dela e a puxa. Seus corpos ficam próximos...

EMERSON – Eu não vou conseguir continuar sem você ao meu lado.

MONIQUE – Você vai.

EMERSON – Não faz isso, Monique. Eu sei que essa sua decisão não vem do seu coração, e sim de alguém que quis se meter na nossa história.

MONIQUE – A nossa história já acabou faz tempo. Agora uma nova história começa pra nós dois. Segue sua vida, arruma outra pessoa que seja do seu nível, educada e que não seja virgem.

EMERSON – Nunca vou amar outra pessoa como eu amo você.

Emerson e Monique encostam seus lábios. Monique tenta ser forte, mas não resiste e acaba beijando Emerson... Monique afasta Emerson para trás.

MONIQUE – Seja feliz.

Monique olha com tristeza para Emerson. Emerson chora. Monique corre para sua casa, deixando Emerson sozinho. Emerson senta no gramado da escola e chora.

TAKES DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO...

Amanhece na cidade maravilhosa... Pessoas andando pelo calção (CAM lenta). Ônibus passando, táxis, carros comuns. Termômetro marcando 24°graus.

CENA 09. SALA DE IGOR E LUCIANA. INTERIOR. DIA

Danilo entra na mansão.

DANILO – Será que eu cheguei muito cedo? Com certeza a Fátima já está acordada.

Danilo vai andando para cozinha.

CENA 10. COZINHA/QUARTO ADRIAN. INTERIOR. DIA

Danilo entra na cozinha...

DANILO – Mas será possível que não se encontra ninguém nessa casa?

Danilo põe sua mochila em cima da cadeira.

Danilo (chamando) - Fátima!

Danilo vai andando para o corredor dos quartos dos empregados. Ele abre a segunda porta direita e se depara com Adrian, enrolado na toalha. Adrian olha para porta e vê Danilo.

ADRIAN – Senhor Danilo?

A toalha de Adrian cai no chão e fica pelado na frente de Danilo. Ao vê Adrian pelado, Danilo fica impressionado e fica sem reação olhando. Adrian fica envergonhado e pega uma almofada que está na cama e põe sobre suas partes.

ADRIAN – Me desculpe, senhor Danilo.

DANILO – (sem jeito) Eu que te peço desculpas por ter entrado sem bater. É que o quarto da Fátima era aqui alguns meses atrás.

ADRIAN – É que como eu vir trabalhar aqui, ela mudou de quarto e eu fiquei com esse.

DANILO – Te peço mil desculpas por ter entrado do nada. Eu vou procurar os meus pais, e depois vai até o meu quarto.

ADRIAN – No seu quarto?

DANILO – Sim. Estarei te esperando.

Danilo se retira do quarto. Adrian fica confuso e começa a achar que Danilo quer alguma coisa além...

ADRIAN – Será?

CENA 11. SALA BETO E FABIANA/QUARTO. INTERIOR. DIA

Fabiana está se arrumando para ir trabalhar na sua clínica. Ela ouve o barulho da porta da sala abrindo e abre um sorriso. Ela vai correndo para sala. CORTA: Beto entrando no apartamento. Fabiana aparece na sala e ao vê Beto ela corre para abraça-lo.

FABIANA – Que bom que você voltou, meu amor.

BETO – (afasta ela) Quem disse que eu voltei?

FABIANA – Não?

BETO – Só vim pegar as minhas roupas que estão aqui.

FABIANA – Não acredito que você teve toda essa cara de pau de vir aqui, e pegar suas roupas. Era pra você voltar pra mim e não ir embora.

BETO – A minha decisão já está tomada, Fabiana. Não fica criando expectativa de que eu vou voltar pra você. Você teve muita chances de mudar, mas não, preferiu continuar com a mesma rotina de sempre: Trabalho até tarde e volta assim que acorda.

FABIANA – Você por acaso está com outra pessoa? Uma mulher melhor do que eu? É isso, Beto? Me fala! Eu tenho esse direito.

BETO – Que mané mulher o que.

FABIANA – Claro... Você só pode está com outra pessoa... Que te dá tudo que eu não te dei durante todos esses anos.

BETO – Não existe mulher alguma na minha vida. Durante todos esses anos de casamento sempre fui fiel à você.

FABIANA – Então por que não volta pra mim? Volta pra mim e prometo que será tudo diferente.

BETO – Não insiste, Fabiana...

Fabiana vai se aproximando de Beto. Ela segura nas mãos dele, põe no seu peito.

FABIANA – Olha como o meu coração bate por você.

BETO – Não, Fabiana...

FABIANA – Não vai embora...

Beto e Fabiana se encaram. Beto agarra Fabiana aos beijos. Tempo. Beto afasta Fabiana.

BETO – Eu não quero me magoar de novo. Melhor eu pensar antes de tomar qualquer decisão sobre o nosso futuro. Agora deixa eu pegar minhas coisas, ainda tenho que ir para delegacia.

FABIANA – Beto...

Beto vai para o quarto. Fabiana tremendo de nervoso e chora.

CENA 12. HOTEL DE LUXO. SUÍTE PRESIDENCIAL. INTERIOR. DIA

Ryan deitado na cama, dormindo... De repente, ele abre os olhos e se espreguiça. Ryan olha para o lado da cama e vê um bilhete em cima do travesseiro. Pega o bilhete e abre:

- Amei passar a noite ao seu lado. Você realmente sabe como satisfazer um homem. Adoraria passar mais um dia com você, mas sabe como a vida de um deputado é corrido. Por isso deixei um cheque no valor bem alto para ir as compras ou fazer o que você quiser com ele.

Ryan pega o cheque e sorri de felicidade.

RYAN – Logo em breve vou poder comprar a casinha da minha mãezinha.

Ele beija o cheque e sai da cama todo contente.

CENA 13. HOTEL DE LUXO. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA

Tolentino entra no hotel junto com os outros policiais e vão até a recepção.

TOLENTINO – Bom dia! Temos um mandato de prisão para o... Deputado Alfredo Gontijo.

CORTA PARA: Ryan saindo do elevador bem pleno. Tolentino olha em direção aos elevadores e vê seu irmão. Ryan vê Tolentino na recepção e o sorriso que estava estampado em seu rosto desaparece... Tolentino se aproxima.

TOLENTINO – O que você está fazendo aqui, Ryan?

Ryan tenso.

CENA 14. PONTE RIO-NITÉROI. CARRO FELIPE. INT/EXT. DIA

Felipe falando ao celular com Aline.

FELIPE – (ao cel) Estou voltando agora de São Paulo. Tinha algumas coisas pendentes na antiga revista que eu trabalhava e tive que passar a noite por lá.

ALTERNAR COM ALINE NA BANHEIRA

ALINE – (ao cel) Ainda bem que isso não atrasou a sua ida no evento de mais tarde. Imagina só aquela estrela internacional sendo entrevistada por outra pessoa? Aliás, você tem que ser o primeiro a entrevistar ela.

FELIPE – (ao cel) E você acha que eu já não tenho um plano? Eu sou Felipe Brandão, se esqueceu?

De repente um carro bate na traseira do carro de Felipe.

FELIPE – Era só o que me faltava.

ALINE – (ao cel) Que barulho foi esse, Felipe?

FELIPE – (ao cel) Depois eu te ligo.

Felipe finaliza a ligação. Ele sai furioso do carro e vai olhar a traseira do carro.

FELIPE – Não creio que bateram no meu carro... Quem foi o filho da puta, hein?

Nina sai do seu carro.

NINA – Me desculpa, senhor! Acabei me distraindo e não vi que tinha um carro parado na minha frente.

FELIPE – Tinha que ser... Olha só o que você fez no meu carro, sua irresponsável. Estragou o meu carro que comprei semana passada.

NINA – Eu posso pagar o conserto. Sei que a culpa foi minha, eu assumo a responsabilidade.

FELIPE – Que mané pagar conserto o que. Eu não quero nada de você, quero nem aproximação e nem assunto. Gente como você deveria ser presa, ir para cadeia e levar um corretivo bem dado.

NINA – Como é que é, senhor? Olha, eu estou aqui na maior santa paciência tentando resolver o seu problema e o senhor ainda joga essa pra mim? Ah, faça me favor.

Felipe – Faça me favor você, sua mulata! Se você estivesse esfregando o chão ao invés de está atrapalhando a minha vida, tudo estaria melhor agora.

NINA – Isso que você está fazendo é racismo, e eu vou chamar a polícia.

Felipe - Chama quem você quiser. Aí veremos quem vai sair mal nessa história... Mulatinha.

Felipe entra no carro. Felipe dá ré e bate no carro de Nina. Ele põe sua cabeça para fora e manda o dedo para Nina. Felipe acelera e vai embora.

CENA 15. HOTEL DE LUXO. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA

TOLENTINO – Não vai me responder? O que você estava fazendo aqui uma hora dessas

RYAN – Pensei que nunca mais teria que olhar pra essa sua cara de mal caráter.

TOLENTINO – Você não respondeu a minha pergunta.

RYAN – Não te devo satisfação da minha vida. Simplesmente pra um homem que nem você... (desprezo) Que roubou todo o dinheiro que a nossa minha mãe tinha guardado durante todos esses anos.

TOLENTINO – Tive meus motivos, e você nunca vai entender ele.

RYAN – Realmente nunca vou entender e nem quero entender. Pessoa que engana a minha mãe que sempre fez de tudo pra você, não tem o meu respeito. Olha só até aonde você chegou passando a perna nos outros (bate palma) Parabéns. Agora sai do meu caminho e volta para o seu trabalho. E nunca mais chegue perto da minha mãe, porque você não sabe do que eu sou capaz por ela. Você me conhece muito bem, Tolentino.

Ryan encara seu irmão e depois sai andando... Tolentino fica parado pensativo.

CENA 16. QUARTO DANILO. INTERIOR. DIA

Danilo sentado na cama. (batidas na porta)

DANILO – Pode entrar.

Adrian abre a porta e entra.

ADRIAN – O que o senhor quer falar comigo?

DANILO – Não sei se você sabe, mas ultimamente não tenho me sentido muito bem. E você sabe que minha vida é bastante corrida e eu uso bastante o meu carro.

ADRIAN – E?

DANILO – E como eu não estou muito bem... Tenho medo de passar mal dirigindo e acabar sofrendo um acidente terrível.

ADRIAN – Não fala isso nem brincando.

DANILO – Eu quero que você seja meu motorista.

ADRIAN – É sério isso, senhor? Nem tô acreditando que vou me livrar da sua irmã.

Danilo ri.

DANILO – Vou conversar com os meus pais primeiro e aí se eles te liberar você com certeza vai se livrar da minha irmã.

ADRIAN – Eu nem sei como te agradecer, Danilo. Será que posso te dar um abraço?

DANILO – Pode sim.

Adrian se aproxima de Danilo e eles se abraçam. De repente, Danilo fica mole e cai sobre os braços de Adrian.

ADRIAN – Danilo? Que brincadeira é essa?

Adrian deita o corpo de Danilo na cama. Ele sacode o corpo de Danilo, que não reage.

ADRIAN – Ai, Meu Deus!

Adrian pega Danilo no colo e sai com ele do quarto.

CENA 17. QUARTO EMERSON. INTERIOR. DIA

Emerson dormindo. Elvira bate na porta e tenta abrir, mas a porta está trancada

ELVIRA – (voz) Emerson? Abre a porta. Eu quero conversar com você. Quero saber o que está acontecendo, meu amor.

Emerson começa a se revirar na cama e desperta. Ele sente fortes dores na cabeça e geme de dor.

ELVIRA – (voz)  Você está bem filho? Me responde pelo menos.

Emerson revira os olhos e vai abrir a porta para sua mãe. Ele abre a porta do quarto e Elvira entra.

EMERSON – O que você quer?

ELVIRA – O que deu em você filho? Não foi pro seu treino, chegou tarde da noite e ainda bêbado. Você sabe que bebida não é o seu forte.

EMERSON – E o que você tem a ver com isso, Elvira? Para de querer se meter na minha vida, eu não estou mais te aguentando.

ELVIRA – Que modos são esses de falar com a sua mãe, Emerson? Você me respeita, hein.

EMERSON – Quem tem que me respeitar aqui é você, Elvira. Você realmente não gosta de me ver feliz, não é? Eu já percebi isso há muito tempo. Sabe o que você tem? Inveja de mim.

ELVIRA – Você não está no seu estado normal.

EMERSON – Você sente inveja da minha felicidade, porque você não sabe o que é sentir prazer em amar, em transar com a pessoa que você ama e gozar, gozar de tanto amor.

Elvira dá um tapa no rosto de Emerson. 

ELVIRA – Eu não sou suas amiguinhas e muito menos sua namorada pra você querer falar tudo que quer. Sou tua mãe e você me respeita como tem que ser respeitado.

Elvira sai furiosa de dentro do quarto de Emerson. Emerson põe a mão sobre seu rosto e senta arrasado na cama.

CENA 18. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INTERIOR. DIA

Adrian agoniado andando para o lado e para o outro. Igor entra no hospital e vão até Adrian.

IGOR – Cadê o meu filho, Adrian?

ADRIAN – Ele está fazendo alguns exames e logo logo o médico vem falar com a gente.

IGOR – (preocupado) Tomara que não tenha acontecido nada demais com o meu filho. Se não eu nunca vou me perdoar.

ADRIAN – Ele vai ficar bem, senhor.

Luciana entra no hospital junto com Fátima. Luciana abraça Igor apreensiva.

LUCIANA – O que houve com o meu filho?

ADRIAN – Ele estava conversando comigo no quarto sobre eu ser o motorista dele, quando de repente ele ficou mole e caiu sobre seus braços.

LUCIANA – Eu quero ver o meu filho, eu tenho que falar com ele.

IGOR – Fica calma, Luciana.

FÁTIMA –  Vai ficar tudo bem com ele. Foi só um desmaio, que talvez foi provocada por falta de alimentação.

LUCIANA (chorando) - Meu filho.

Igor abraça Luciana.

CENA 19. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA

Danilo sentado na cama, soro em suas veias e muito pálido. O médico entra no quarto, ele segura uma pasta e caneta. Ele vai até perto de Danilo e verifica o soro.

DANILO – O que eu estou fazendo aqui, doutor? Já estou me sentindo um pouco melhor.

MÉDICO – Será que eu poderia te fazer algumas perguntas?

DANILO – Se for pra eu ir embora.

MÉDICO – Como está indo a sua vida sexual?

Danilo - A minha vida sexual anda normal. Eu transo, sinto prazer, tenho orgasmo e gozo normalmente.

MÉDICO – E você faz sexo com proteção ou sem?

DANILO – Sem proteção. Até porque eu só tenho relações com o meu namorado.

MÉDICO – E seu namorado se cuida?

DANILO – Essas perguntas está começando a me preocupar... O que está acontecendo comigo, doutor? Seja direto, não tenha medo de me magoar.

MÉDICO – Quando você me deu as informações sobre seu namorado, eu fui até as buscas no computador do hospital e achei um exame que esse... (olha a pasta) Júlio César Fidalgo fez há alguns anos na clínica de São Paulo.

DANILO – De que exame o senhor está falando?

MÉDICO – O seu namorado é portador do vírus HIV faz cinco anos.

Danilo fica em choque...

DANILO – Portador do HIV? Não... Isso não pode ser verdade. Tem certeza que é o mesmo Júlio, doutor?

MÉDICO –  Infelizmente, sim.

DANILO – Eu tô com AIDS doutor?

Close no rosto do médico e congela no Danilo em choque.