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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

CAPÍTULO 04

 


NOSSAS VIDAS – CAPÍTULO 04

novela criada e escrita por
MARCOS CASTELLI

Participam deste capítulo:

Maria Fernanda Cândido como Luciana
Dan Stulbach como Igor
Thiago Fragoso como Felipe
Danilo Mesquita como Danilo
Giovanna Lancellotti como Paloma
Guilherme Dellorto como Adrian
Louise Cardoso como Fátima
Silva Pfeiffer como Hilda
Leopoldo Pacheco como Fábio
Fábio Beltrão como Ryan
Rafaela Sampaio como Monique
Bruno Guedes como Emerson
Aline Dias como Nina

CENA 01. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA

DANILO – (em choque) Isso não pode ser verdade, doutor. Não... (ele chora). Como isso foi acontecer comigo? Me fala doutor, me fala!

MÉDICO – Fica calmo, Danilo

DANILO – (nervoso) Como que eu vou ficar calmo? O senhor me dar uma notícia dessas e como quer que eu reaja? AIDS é uma doença e aos poucos ela vai acabando comigo.

MÉDICO – Você não está com a AIDS e sim com o vírus do HIV, que são coisas totalmente diferentes.

DANILO – (chorando) Pra mim tudo é doença. Ela vai me matar do mesmo jeito.

MÉDICO – O que eu quero conversar com você é...

DANILO – Eu quero ficar sozinho, doutor. Saia daqui e me deixa sozinho.

MÉDICO – Danilo...

DANILO – (gritando) Sai daqui! Me deixa sozinho! Que inferno!

MÉDICO – Eu sei que é difícil pra você, Danilo. Você a partir de agora terá que se cuidar, mas isso não vai interferir em nada na sua vida. Você pode viver como sempre viveu antes.

DANILO – Viver com medo, doutor? As pessoas vão ter medo de chegar perto de mim, de me tocar, me abraçar e de respirar o mesmo ar que eu. E o senhor acha que eu vou viver feliz? Tudo isso pra mim vai ser difícil. Enfrentar essa doença vai ser duro pra caramba. Essa doença nunca vai sair de mim, ela sempre estará onde eu estou. Por que isso foi acontecer comigo? Justo comigo que nunca fez nada a ninguém. Sempre fui um bom filho, responsável e de coração enorme. (Ela chora, mas enxugando a lágrima). Por favor, doutor, me deixa sozinho.

Médico entristecido, respira fundo e se retira. A CAM vai se aproximando do rosto de Danilo. O celular dele toca, ao ver o nome de "Júlio" ele pega o celular, fica olhando por um tempo a tela. De repente, ele arremessa o celular na parede. Danilo deita na cama, apoia sua cabeça no travesseiro e chora.

CENA 02. SALA DE ESPERA. INTERIOR. DIA

O médico que atendeu Danilo vai para sala de espera. Adrian levanta do banco e chama pelo o médico:

ADRIAN – Doutor!

O médico se aproxima... Fátima, Igor e Luciana se aproximam, apressados.

ADRIAN – Como ele está, doutor?

LUCIANA – Meu filho vai ficar bem?

MÉDICO – Vocês podem ficar despreocupados. O Danilo está bem e logo poderá voltar pra casa.

IGOR – Será que podemos ver ele?

MÉDICO – Quando ele acordar, sim. Qualquer novidade eu venho informá-los. Com licença!

Médico se retira... Igor põe sua mão na cabeça. Luciana abraça Fátima e Adrian fica pensativo. 

ADRIAN – Espero que ele realmente esteja bem.

CENA 03. ESCOLA SILVINO MONTALEÃO. CANTINA. INTERIOR. DIA

Hilda e Ryan entram felizes na cantina. Fábio aparece na frente deles com os braços cruzados e encarando os dois.

FÁBIO – (sério) Pelo o visto vocês estão felizes, né?

HILDA – (feliz) Fábio, você não vai acreditar no que o Ryan...

Fábio bate na mão de Hilda e o sorvete que estava em sua mão cai no chão. Hilda fica em choque.

RYAN – Tá ficando maluco, pai?

FÁBIO – Vocês estão me achando com cara de palhaço? Essa louca saiu igual uma desesperada e me deixou sozinho cuidando da cantina.

RYAN – Fui eu que pedi pra ele me encontrar.

FÁBIO - Ah... Então foi você seu miserável?

HILDA – Não fala assim com ele, Fábio. Ryan me deu o freezer e o fogão que eu tanto queria ter em casa, mas que a gente nunca teve dinheiro pra comprar.

FÁBIO – Não interessa, Hilda! Você que toma conta da cantina, faz as coisas e serve os alunos. Hoje tive que servir sanduíche com patê pros alunos, sua irresponsável!

HILDA – Quer saber de uma coisa? Estou cansada de ficar ouvindo esses desaforos. Você não tem esse direito de falar nesse tom comigo.

FÁBIO –  Eu sou o teu marido e você me deve respeito. Já não basta esse viadinho atrapalhar a minha vida, agora você também?

Hilda dá um tapa no rosto de Fábio e ele devolve o tapa.

RYAN – Mãe!

Ryan entra na frente e parte para cima de Fábio. Ryan empurra Fábio com força no chão.

RYAN – (bravo) Você nunca mais ousa a levantar essas suas mãos para minha mãe.

Ryan olhando com ódio para Fábio.

FÁBIO – Seu moleque maldito!

Fábio levanta do chão e parte para cima de Ryan com um soco no rosto. Hilda começa a gritar desesperada. Fábio pega no pescoço de Ryan e pressiona ele na parede. Fábio dá socos no rosto de Ryan, que se protege com as mãos.

HILDA – (gritando) Param com isso!

Ryan se cansa de apanhar e mobiliza Fábio.

RYAN – Já estou farto das suas atitudes escrotas. Sim, eu sou um viadinho como o senhor fala.

Hilda apavorada.

HILDA – Ryan!

RYAN – Mas é esse viadinho que compra seus remédios caros pra sua saúde não piorar, e é dessa forma que você me agradece, papai?

FÁBIO – (sem ar) Você está me machucando.

Ryan solta Fábio. Fábio se encosta na mesa da cantina e senta na cadeira recuperando o fôlego. Hilda vai até Ryan.

HILDA – Você está bem filho?

RYAN – Não se preocupa comigo.

FÁBIO – Eu quero essa menino fora da minha casa. Não quero nunca mais ter que conviver com esse desgosto debaixo do mesmo teto que eu.

HILDA – Para de falar besteira, Fábio. Ele é seu filho primogênito.

FÁBIO – Filho? Por mim ele pode morrer assim que sair dessa escola.

RYAN – Pode ficar com a tua casa todinha pra você. Eu vou arrumar minhas coisas e ir embora daqui. Mas de uma coisa o senhor pode ter certeza: Não conta comigo pra mais nada, nem mesmo pra comprar uma água pra você. A partir de agora, você não passa de um desconhecido pra mim.

HILDA – Ryan...

Ryan se retira. Hilda vai atrás dele. Fábio encarando...

CENA 04. QUARTO MONIQUE E RYAN. INTERIOR. DIA

Ryan entra no quarto e Hilda entra logo em seguida. Ryan abre as gavetas do móvel e joga suas roupas em cima da cama.

HILDA – Ryan, você não pode ir embora da sua casa. Seu pai estava com a cabeça quente, ele vai se arrepender depois.

RYAN – Quem está arrependido aqui sou eu por não ter ido embora daqui antes. Não é de hoje que ele me humilha por tudo. Já estou de saco cheio de ser humilhado.

HILDA – E pra onde você vai, meu filho?

RYAN – Pra casa de uma amiga, mas não se preocupa, porque será por pouco tempo. Até semana que vem já alugo um apartamento barato no Leblon e me mudo.

HILDA – Ryan...

Ryan pega nas mãos de Hilda e sentam na cama.

RYAN – Não se preocupa comigo. Eu estarei muito bem fora daqui. Eu sou jovem, posso arrumar um trabalho melhor e pagar a minha faculdade. De fome que eu não vou passar.

Hilda - Mas você é o meu filho e filho tem que ficar junto com a mãe.

RYAN – Então vamos embora comigo. Deixa o meu pai por aí, e vamos para um lugar melhor do que esse.

HILDA – Infelizmente, eu não posso abandonar o seu pai. Eu jurei que nunca iria abandonar ele até que a morte nos separe. Sou uma mulher muito religiosa e sigo o que a minha religião manda. Mas se você vai ser feliz indo embora daqui, vai, seja muito feliz.

RYAN – Te prometo que não vou te abandonar por nada nesse mundo. Eu te amo, mãe!

HILDA – Também te amo!

Emocionados, Hilda e Ryan se abraçam bem fortes.

CENA 05. ESCOLA SILVINO MONTALEÃO. PORTARIA. EXTERIOR. DIA

Hilda e Ryan na portaria da escola se despedindo. Fábio encarando os dois...

HILDA – Não esquece de se alimentar bem e de estudar pra se tornar alguém na vida.

RYAN – Pode deixar. Jamais abandonarei meus estudos. Porque com ele que eu vou comprar a casa da senhora.

FÁBIO – O que está esperando pra ir embora? Sala dessa escola e nunca mais me volta aqui.

Ryan revira os olhos e abraça sua mãe. No bolso de Hilda, Ryan põe um maço de dinheiro para que ela possa continuar comprando o remédio de Fábio.

RYAN – (cochichando) Não diz que fui que te dei esse dinheiro. É pro remédio dele.

HILDA – (emocionada) Muito obrigada!

Ryan entra no táxi e acena para sua mãe. Hilda olhando emocionada e fecha o portão da escola.

HILDA – Tá satisfeito agora, Fábio? Todos os seus filhos estão nos abandonando. Daqui a pouco é a Monique.

FÁBIO – Bando de ingratos.

HILDA – Meus filhos não são ingratos de forma alguma. Você que é uma pessoa insuportável e arrogante. Daqui a pouco nem o nosso casamento vai durar até a morte.

Hilda sai andando. Fábio vai atrás dela.

CENA 06. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. NOITE

(ao anoitecer...)

Igor e Luciana entram no quarto e se aproximam de Danilo.

LUCIANA – Que bom que você está bem, meu amor.

IGOR – Tudo não passou de um susto.

LUCIANA – Está se sentindo melhor?

Danilo evita olhar nos olhos de seus pais e não responde. Igor olha para Luciana preocupado.

IGOR – Sua mãe te fez uma pergunta.

LUCIANA – Por que você não nos responde?

DANILO – Eu quero ir embora pra minha casa.

LUCIANA – O médico disse que você tem que ficar mais um dia aqui. Só amanhã você terá alta e poderá ir embora com a gente.

DANILO – Então me deixam sozinho. Não estou com vontade de conversar com ninguém.

LUCIANA – Nem mesmo com o Adrian?

IGOR – Ele não foi embora até agora preocupado com você.

DANILO – Adrian está aqui no hospital?

IGOR – Sim.

LUCIANA – Ele quer te ver.

DANILO – Eu quero falar com ele.

IGOR – Tá bem... Qualquer coisa é só chamar a gente ou e enfermeira.

LUCIANA – Nós dois te amamos muito.

Luciana beija bochecha de Danilo. Igor e Luciana se retiram do quarto. Adrian abre a porta e entra no quarto. Danilo olha para ele com os olhos cheios de lágrimas. Adrian se aproxima de Danilo e os dois se abraçam. (Sonoplastia: Memórias - Malta).

ADRIAN – Eu não contei nada para seus pais. Você não precisa se preocupar com isso, Danilo.

DANILO – (chorando) Como que isso foi acontecer justamente comigo?

ADRIAN – Não diz nada, apenas fique abraçado comigo. Tudo vai ser resolvido e você ficará bem.

Adrian abraçado com Danilo, faz carinho na cabeça dele. Danilo ainda chorando, abraça Adrian mais forte, sentindo que pode confiar nele.

CENA 07. SALA DE IGOR E LUCIANA. INTERIOR. NOITE

PALOMA (supresa) – O Danilo está internado? Mas o que ele tem?

FÁTIMA -‐ Ainda não sabemos, mas seus pais disseram que ele vem passar uns dias aqui na mansão. E que é pra você não implicar com ele.

PALOMA – Eu implicar com o meu irmãozinho? Até parece que eu vou fazer isso com ele doetinho, Fátima. Sabe, hoje eu acordei com uma vontade de mudar. Pensei em até fazer as pazes com o Danilo.

FÁTIMA – (feliz) Seria a coisa mais linda ver vocês dois juntos, sem brigar e nem se matando.

PALOMA – Você acha que o Danilo aceitaria o meu perdão?

FÁTIMA – O senhor Danilo é um homem bom. Não gosta de guardar rancor no seu coração.

PALOMA – Espero, Fátima.

FÁTIMA – Agora vou pro quarto separar algumas roupas pra levar pro seu irmão.

PALOMA – Roupa? Deixa que eu mesmo faço isso.

FÁTIMA – Você? Nossa, você realmente está querendo mudar.

PALOMA – Pode deixar comigo que vou separar as melhores peças de roupas para o meu irmãozinho.

FÁTIMA – Quando terminar você me chama.

PALOMA – Pode deixar.

Fátima sai da sala. Paloma sobe a escada.

CENA 08. EVENTO. NITERÓI. INTERIOR. DIA

Fotógrafos por todos os lados, fotografando famosos e sub celebridades, flashes por todos os lados, garçons servindo. Close no Felipe entrevistando o ator Murilo Benício.

FELIPE – É uma honra pra mim está te entrevistando no evento em que comemora o aniversário da cidade de Niterói. Como você se sente presenciando os 447 anos da cidade do Sorriso?

MURILO BENÍCIO – Pra mim é uma grande honra. Nasci em Niterói e tenho muito orgulho dessa cidade que cresceu tanto ao passar dos anos. Que evoluiu e se tornou um lugar onde qualquer pessoa gostaria de conhecer. Começando pelo o Museu de Arte Contemporânea...

CORTA PARA: Nina entrando no evento junto com seu chefe.

NINA – Será que esse Felipe não vai ficar com raiva ou constrangido por saber que não vai mais entrevistar a Shakira? Ela é a grande destaque desse evento.

CHEFE – Mas é claro que ele não vai ficar com raiva. Felipe é apenas um jornalista de merda que nunca fez sucesso esses anos todos. E é claro que você tem mais fama do que ele, isso vai ser muito bom pro meu jornal.

Felipe termina de fazer a entrevista. Ele cumprimenta o Murilo Benício e depois se afasta. O chefe chama por ele, Felipe acena e vai andando até ele.

FELIPE –Já estou pronto pra fazer a entrevista que vai bombar a sua revista...

Felipe olha para Nina e começa a se recordar dela.

FELIPE – Você?

Nina olha para Felipe.

NINA – Ah, não...

Close nos dois se encarando.

FELIPE – O que essa menina tá fazendo aqui em um evento tão bem importante? Por acaso vai trabalhar como garçonete?

NINA – Eu sou a jornalista que ficará no seu lugar para entrevistar essa tal estrela internacional.

Felipe fica em choque e olha para seu chefe.

FELIPE – Isso só pode ser uma piada. Você disse que eu seria a pessoa certa pra fazer essa entrevista.

CHEFE – Mas não é mais, Felipe. A Nina tem muito mais carisma e seguidores que você.

FELIPE – Você está me trocando por causa de seguidores? Que pesadelo é esse, meu Deus? Eu me preparei durante meses para essa porcaria, e você resolve me trocar de última hora? Isso é inaceitável!

CHEFE – Não seja dramático, Felipe. Irá surgir outra oportunidade boa para você.

Felipe joga o microfone no chão, pisa em cima e cospe. Encara seu chefe com ódio.

FELIPE – Quero que você vá pra puta que pariu! Seu bundão de merda! E você sua...

NINA – Olha lá o que você vai me falar.

FELIPE – Isso não vai ficar assim, sua mulata!

Felipe sai revoltado.

NINA – Pelo o jeito ele ficou com ódio.

CHEFE – Isso é tudo drama do Felipe. Daqui a pouco ele vem com o rabo entre as pernas me pedindo perdão e assumindo que errou. Agora vem, vamos para o camarim te preparar para a noite mais esperada.

Chefe e Nina vão para o camarim. Close no fundo de cena. Felipe parado em um canto, com expressão de ódio.

CENA 09. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA

ADRIAN – Você já contou sobre isso para os seus pais?

DANILO – Não tenho coragem de falar sobre isso com eles. Não agora, mas quem sabe um dia eu não tomo coragem e conto tudo pra eles?

ADRIAN – Do que você tem medo?

DANILO – Deles falarem que a culpa disso tudo é da minha homossexualidade.

ADRIAN – Eles não vão falar isso pra você. Se eles não te criticaram quando a sua irmã fez aquele escândalo todo e ficaram do seu lado. Imagina agora que você está passando por um momento difícil, que a maioria das pessoas passam.

DANILO – É uma dor horrível que sinto no meu peito. Uma dor de culpa, culpa de não ter usado proteção.

ADRIAN – Por que você não processa esse seu namorado? Isso que ele fez foi crime, sabia? Ele estava ciente que ele tinha a doença, e mesmo assim escondeu isso de você só pra ter mais prazer e satisfação.

DANILO – Eu quero distância desse infeliz, Adrian. Nunca mais quero olhar pra cara dele, chegar perto dele e nem tocar naquele filho da mãe. Por causa dele que eu estou passando por essa situação na minha vida.

ADRIAN – Eu sei que não somos melhores amigos e que nem temos intimidades... Mas se eu fosse você matava ele.

DANILO – Que isso, Adrian?

Eles riem.

ADRIAN – Você sorriu.

DANILO – Você é a única pessoa que consegue arrancar um sorriso meu nesses momentos difíceis.

Adrian segura na mão de Danilo.

ADRIAN – Você pode contar comigo para o que precisar.

Danilo sorri para Adrian.

CENA 10. CAMARIM DE NINA. INTERIOR. NOITE

Nina está sozinha no camarim trocando de roupa. Ela está de costas para a porta. Felipe entra sem fazer barulho no camarim e fecha a porta. Ele retira a chave do trinco, põe no bolso e tira uma faca da cintura.

FELIPE – Você realmente achou que sairia daqui com um reconhecimento em mãos?

Nina olha para trás e se assusta com Felipe. Felipe olhando com ódio para Nina.

NINA – (assustada) O que você veio fazer aqui? Eu tenho uma entrevista importante para fazer. Se você puder sair...

Nina anda. Felipe pega firme em seu braço.

NINA – Solta o meu braço.

FELIPE – Quem disse que você vai fazer a entrevista, sua negrinha maldita? Negros só entram nas nossas vidas pra poder nos atrapalhar e roubar o nosso lugar por direito.

NINA – Você está ficando louco, Felipe. E solta o meu braço, antes que eu chame o segurança.

FELIPE – (ri) Pode gritar à vontade, Nina. Absolutamente ninguém vai nos escutar. Apenas Deus e o demônio.

Felipe aponta a tesoura para Nina. Nina se apavora e começa a gritar desesperadamente.

FELIPE – Tá com medo, Nina?

NINA – Por favor, não faça isso.

Felipe vai chegando pra frente e Nina para trás. Nina encosta na parede e olha com pavor para Felipe.

NINA (com medo) - Não faça isso.

Felipe dá a primeira tesourada na barriga de Nina. Depois ele dá outra e assim vai diante... começa a sair sangue da boca de Nina. Felipe se afasta. O corpo de Nina ainda de pé, cai no chão já falecida. Felipe entra em choque, deixa a tesoura cair no chão e fica chocado olhando o corpo de Nina.

FELIPE – Eu matei ela.

Felipe olha para o corpo que está no chão em choque. Ele começa a tremer de nervoso. Vai se aproximando do corpo, se abaixa e põe seus dois dedos no pescoço de Nina.

FELIPE – O que foi que eu fiz, meu Deus?

Felipe olha ao redor procurando alguma câmera pelo camarim. 

FELIPE – Preciso fazer alguma coisa pra esconder esse corpo. Não posso deixar o corpo aqui. Tenho que pensar em alguma coisa.

Felipe pega a tesoura que está caída e suja de sangue do chão. Ele bota a tesoura entre os dedos de Nina e olha fixamente para a morta.

CENA 11. QUARTO DANILO. INTERIOR. DIA

(ao amanhecer...)

Danilo e Igor entram no quarto.

DANILO – Não precisa se preocupar comigo, pai. O médico mesmo disse que eu já estou bem, e que posso voltar a minha rotina normal.

IGOR – Ele me deu esse papel com os remédios que você precisa tomar, mas não entendo muito essas letras de médico.

Danilo puxa o papel das mãos de seu pai.

DANILO – Deixa que eu vejo isso depois com calma. Agora eu preciso tomar um banho e se arrumar para ir encontrar o Júlio.

IGOR –  Ainda não me acostumei pelo o fato de você ser gay. Eu... eu aos poucos vou se acostumando.

Igor abraça Danilo.

IGOR – Eu te amo!

Igor se retira. Danilo olha para o papel com os nomes do remédio e sai do seu quarto.

CENA 12. QUARTO ADRIAN. INTERIOR. DIA

Adrian olhando para o papel com os nomes dos remédios.

ADRIAN – E você quer que eu compre esses remédios?

DANILO – Se você puder, sim. Eu não posso aparecer na farmácia pedindo pro farmacêutico esses remédios. Meus pais são pessoas conhecidas por toda a cidade, eles logo vão sacar e espalhar pra impressa.

ADRIAN – Danilo...

Adrian pega nas mãos de Danilo.

ADRIAN – O que você me pedir, eu faço.

Danilo sorri para Adrian.

DANILO – Muito obrigado!

Adrian solta as mãos de Danilo, que sai do quarto e fecha a porta. Adrian cheira sua mão, que está com o cheiro do perfume de Danilo.

CENA 12. CALÇADÃO DE COPACABANA. EXTERIOR. DIA

Monique caminhando no calçadão. Emerson passando de moto em alta velocidade. A moto dele passa o lado de Monique, que olha e seus olhares se fixam. Emerson acaba se distraindo... sua moto perde o controle, vai para pista sentido ao contrário e acaba batendo de frente com um carro que estava em alta velocidade. O corpo de Emerson cai da moto.

MONIQUE – (gritando) Emerson!

Monique corre até o local do acidente. O trânsito para de imediato e uma multidão se aproximando. Emerson desacordado, cabeça sangrando. Monique entra em desespero.

MONIQUE – (gritando) Chamem a ambulância!

Monique chorando...

CENA 13. APTO. DE DANILO. QUARTO. INTERIOR. DIA

Júlio saindo do banho. Danilo aparece na porta. Júlio abre um sorriso.

JÚLIO – Danilo? Até que fim você apareceu.

Danilo se aproxima de Júlio e dá um soco no rosto dele. Júlio cai na cama.

JÚLIO – Que isso, Danilo?

DANILO – (com ódio) Isso é pouco por tudo que você está me fazendo passar, seu miserável!

JÚLIO – Do que você está falando?

DANILO – Por que você não me contou que tinha o vírus do HIV?

Júlio se espanta ao saber que Danilo descobriu sobre a doença. Congela no Danilo olhando com ódio para Júlio.