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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

CAPÍTULO 02

 

FILHO AMADO
CAPÍTULO 002

novela escrita por: MARCOS CASTELLI e DOUGLAS ARAÚJO
direção artística: FRED MAYRINK

Participam deste capítulo:

Danilo Mesquita como Francisco
Carol Macedo como Sônia
Larissa Manoela como Camille
Maurício Destri como Domingos
Malu Galli como Cândida
Marcello Novaes como Dionísio
Angela Vieira como Hortência
Tony Ramos como Massimo
Murilo Rosa como Ramiro
André Luiz Frambach como Inácio
Olivia Torres como Carmela
Duda Brack como Desirée
Livian Aragão como Brigite
Rafael Gualandi como Gaspar
Cesar Ferrario como Nestor
Cinnara Leal como Catarina
Thiago Voltolini como Manoel
Eliane Giardini como Joana

CENA 01. ORFANATO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO. QUARTO. FRANCISCO. INTERIOR. DIA

Francisco abre a carta.

FRANCISCO – (lendo) É com muita dor no coração que eu escrevo essa carta. Infelizmente, não tivemos escolhas a não ser tirar você daqui com vida o mais rápido possível. Sua mãe acredita que você nasceu morto, mas tivemos que mentir para ela pelo o bem de vocês dois... Eu sei que eu me sentirei culpada por está fazendo a minha filha sofrer, mas sua avó não teve outra escolha a não ser te entregar para a parteira de nossa confiança. Estamos de mudança brevemente para o Rio de Janeiro e espero que quando você ler esta carta... vá atrás de sua mãe. Tenho certeza que isso fará com que ela tenha um pouco felicidade na vida. Deixarei com você um colar que era de nossa família. Só com esse colar em mãos que você encontrará a sua verdadeira mãe.

Francisco fecha os olhos e lágrimas caem de seus olhos.

FRANCISCO – A minha mãe está viva.

JOANA – Agora você tem um motivo para partir daqui.

FRANCISCO – Mas o Rio de Janeiro não é uma cidade tão pequena como São Paulo.

JOANA – Isso é o de menos. O mais importante é você encontrar a sua mãe e fazer a vida dela feliz novamente. Olha. (tira um papel do bolso) Esse é o endereço do meu irmão Ramiro. (entrega o papel para ele). Tenho certeza que ele terá o grande prazer de hospedar você na casa dele.

FRANCISCO – Mas como ele saberá da minha chegada?

JOANA – Estarei fazendo uma ligação para ele assim que você entrar naquele trem.

FRANCISCO – Eu tô com muito medo de enfrentar o mundo.

Joana segura as mãos de Francisco.

JOANA – Você não precisa sentir medo de nada. Deus estará com você em todos os momentos. Tá na hora de você trilhar o seu próprio caminho.

FRANCISCO – A senhora tem razão.

Joana e Francisco se abraçam.

FRANCISCO – Eu vou encontrar a minha mãe e retornar para buscar a Sônia.

JOANA – Faça o que seu coração mandar, meu filho. Só quero que você seja muito feliz.

FRANCISCO – Eu serei.

Francisco respira fundo.

CENA 02. QUARTO SÔNIA. INTERIOR. DIA

Sonia deitada na cama (de bruço) ainda chorosa, olhos avermelhados. Close nas marcas das cintadas por seu corpo. Sônia fecha os olhos e se recorda de sua primeira vez com Francisco...

INÍCIO DO FLASHBACK...

Francisco e Sônia se beijam apaixonadamente... Sônia deita na cama aos beijos com Francisco. Francisco tira suas roupas, fica complemente nu em frente a Sônia. Sônia olhando com desejo para o corpo de Francisco... Corta: Sônia tirando o vestido e olhando para Francisco. Sônia complemente nua. Francisco vem subindo beijando o corpo de Sônia, ela se arrepia, beija Francisco.

FRANCISCO – Eu te amo!

Sônia sorri feliz para Francisco.

SÔNIA – Eu te amo ainda mais.

Francisco e Sônia se beijam...

FIM DO FLASHBACK...

Sônia enxuga suas lágrimas.

CENA 03. CASA DE NESTOR. QUARTO CASAL. INTERIOR DIA

Nestor vestindo um paletó cinza. Catarina entrega uma gravata para seu marido.

NESTOR – Nem adianta me olhar com essa cara. Eu não me arrependo de ter dado uma surra naquela vagabunda. Ela merecida ser morta depois de ter sido desonrada por aquele sem futuro do Francisco.

CATARINA – Não fala assim da nossa filha... Ela é a nossa única filha menina que tivemos.

NESTOR – Era melhor se não tivéssemos nenhuma. Filha menina só traz vergonha pra família.

CATARINA – Pra onde que você está indo?

NESTOR – Conversar com aquele meu amigo fazendeiro.

Nestor vai para frente do espelho.

NESTOR – (CONT'D) Antes que descubram que a sua filha não é mais uma moça pura.

CATARINA – Nestor... Não faça a nossa filha sofrer mais que ela já está sofrendo. Pensa um pouco melhor antes de tomar essa decisão que talvez não será boa para as duas famílias.

NESTOR – É melhor você não se meter nesse assunto.

Nestor ajeita seu paletó, vai até a mesa de cabeceira, pega a chave do quarto de Sônia e guarda no bolso.

NESTOR – Pensou que eu iria dar bobeira? (ri) Daquele quarto ela não sai até eu acertar tudo sobre o casamento dela.

CATARINA – Espero que não se arrependa do que está fazendo.

NESTOR – Nunca me arrependo das minhas decisões.

CATARINA – E como a Sônia irá se alimentar?

NESTOR – Quando eu retornar do interior. Se comporte sem a minha presença.

Nestor pega seu chapéu.

NESTOR – Quero você prontinha para mais tarde.

Nestor se retira do quarto. Catarina fecha os olhos e chora...

CENA 04. QUARTO SÔNIA. INTERIOR. DIA

Sônia deitada na cama. (barulho de chave na fechadura) Sônia senta na cama e fica aguardando. Manoel entra no quarto e fecha a porta.

SÔNIA – Manoel? Como conseguiu entrar aqui?

MANOEL – Isso não importa. Eu escutei tudo o que aconteceu neste quarto... Confesso que fiquei com muita pena de você.

SÔNIA – Não precisa sentir pena de mim. Eu sei que você deve ter amado a surra que ele me deu.

MANOEL – Eu não sou tão ruim assim como você imagina. Tanto que... eu descobrir que o Francisco pegará o trem daqui em poucos minutos.

SÔNIA – Do que vai adiantar? Estou proibida de sair do quarto.

MANOEL – Quem disse? O nosso pai acabou de sair para o interior e disse que só volta na parte da noite. Isso significa que se você se trocar e melhorar um pouco essa cara, você ainda consegue se despedir do Francisco na estação de trem.

SÔNIA – (sorri) Isso é sério?

MANOEL – Se apresse antes que eu mude de ideia.

SÔNIA – (feliz) Manoel...

Sônia abraça seu irmão...

SÔNIA – Sempre serei grata por esse seu gesto.

Manoel revira os olhos... Corta: Catarina passando pano na sala. Manoel e Sônia passam correndo.

CATARINA – Que isso?

MANOEL – Depois te explicamos tudo, mãe.

Manoel e Sônia saem... Catarina fica sem reação.

CENA 05. ESTAÇÃO DE TREM. EXTERIOR. DIA

Francisco e Joana se abraçando...

JOANA – Não se esqueça sobre o que conversamos.

FRANCISCO – Não me esquecerei. Obrigado por tudo que a senhora fez por mim durante todos esses anos. Eu nunca vou me esquecer da senhora... minha mãezinha.

JOANA – Francisco...

Joana se emociona e abraça Francisco.

JOANA – Nunca se esqueça do meu amor por você. (acaricia o rosto dele) Pra mim, você sempre será o meu menino.

Joana beija o rosto de Francisco. O apito do trem toca. Francisco pega suas malas.

FRANCISCO – Tenho que ir.

JOANA – Que Deus te abençoe durante toda a viagem.

FRANCISCO – Amém.

Sônia entra correndo na estação de trem.

SÔNIA – (gritando) Francisco!

Francisco olha para trás (em CAM lenta).

FRANCISCO – Sônia? (sorri)

Sônia vai correndo até Francisco e os dois se abraçam.

FRANCISCO – O que você está fazendo aqui?

SÓNIA – Me despedir de você, meu amor.

Francisco e Sônia se beijam apaixonadamente... Joana olhando a cena com um sorriso no rosto.

SÔNIA – Me promete que nunca me esquecer?

FRANCISCO – É claro que eu prometo. (beija ela) Você é a mulher da minha vida, Sônia. É a mulher com quem eu quero construir uma família futuramente.

SÔNIA – (emocionada) Fico tão feliz quando você diz isso.

FRANCISCO – E direi todos os dias.

O apito do trem toca.

JOANA – Já está na sua hora, Francisco.

FRANCISCO – (para Sônia) – Eu te amo!

Francisco e Sônia se beijam pela última vez... Francisco pega suas malas, entra no vagão e senta na poltrona. Joana e Sônia acenam para Francisco. Francisco acena para elas. O trem apita e vai embora... Sônia emocionada olhando o trem partindo. Corta: Francisco pensativo olhando as paisagens... Ele pega seu crucifixo.

FRANCISCO – Que Deus nunca me desampare.

Francisco beija seu crucifixo e apoia sobre o peito.

CENA 06. MANSÃO CÂNDIDA E DIONÍSIO. QUARTO TERÊNCIO. INTERIOR. DIA

[ Castelo Branco, Rio de Janeiro - 1940 ]

Terêncio deitado na cama, tossindo e com a respiração ofegante. Cândida entra no quarto com um copo de água e remédio.

CÂNDIDA – Toma esse remédio.

Terêncio pega a cápsula, põe na boca e bebi a água.

CÂNDIDA – Não estou entendendo essa sua piora. Cada dia que passa o senhor piora de um jeito inexplicável.

Terêncio tenta dizer algo, mas é interrompido pela tosse.

CÂNDIDA – É melhor o senhor não fazer nenhum tipo de esforço. Não quero que a sua saúde fique mais frágil que do que já está. Eu vou até a cozinha mandar a empregada preparar uma sopinha para o senhor comer. Prometo que não me demoro.

Cândida pega o copo e se retira do quarto. Camille entra no quarto... (suspense) tranca a porta e se aproxima aos poucos da cama. Terêncio olhando para Camille, assustado. Camille senta na beirada da cama e sorri para Terêncio.

CAMILLE – Sentiu minha falta, velho babão? (ri). Eu sei que bem lá no fundo você estava com saudades das minhas visitinhas... Até porque eu sou a única pessoa que fala umas verdades na sua do senhor, não é mesmo? Então... eu tenho uma notícia um pouco chata para te dar. Se lembra daquele médico que veio aqui semana passada para te examinar? Então, ele disse que o senhor só tem mais alguns dias de vida. (ri maléficamente).

Terêncio fica nervoso.

CAMILLE – O que foi, senhor Terêncio? Já vai morrer? Mas ainda nem terminei de contar as outras novidades.

A respiração de Terêncio acelera.

CAMILLE – (CONT'D) Mas é bom muito que isso aconteça mesmo... Porque não vai adiantar de nada tomar todos esses medicamentos e morrer do mesmo jeito.

Camille se levanta e abre o armário.

CAMILLE – Sabe... Eu vou sentir muita pena da minha titia. (pega um travesseiro) Ela vai sofrer muito com a sua partida, mas eu tenho que fazer isso pelo meu bem. O senhor está escondendo alguma coisa do passado e pretende contar isso para minha tia. (se aproxima da cama) Por que não me conta? Me conta o que o senhor sabe, e eu prometo que farei o que for para ajudar a minha tia que eu tanto amo.

TERÊNCIO – (com dificuldade) – O filho dela... (tosse) está vivo.

CAMILLE – Como? Como assim o filho dela está vivo? Mas não foi a própria que disse que ela tinha falecido assim que nasceu?

TERÊNCIO – (com dificuldade) Fui eu... Fui eu que mandei sumir com o filho dela.

CAMILLE – Mas que velho desavergonhado! Eu jurando que você amava a minha tia, mas foi o grande culpado pela sofrimento dela. O senhor não se sente culpado por isso? Imagina o que pode ter acontecido com o seu neto, senhor Terêncio? Que crueldade com um bebê recém nascido...

Camille senta na cama. Terêncio olhando assustado.

CAMILLE – É uma pena que titia nunca ficará sabendo da existência desse filho que ela acha que está morto. Eu não vou correr o risco dela encontrar esse maldito, e eu perder toda a herança que um dia vou receber dela e de meu tio Dionísio. (sorri) Muito obrigada por essa informação. Não se preocupe... (levanta) Esse segredo será enterrado junto com o senhor.

Terêncio com os olhos arregalados. Camille sufoca Terêncio com o travesseiro.

CAMILLE – Morra, seu velho maldito!

Camille pressiona ainda mais o travesseiro sobre o rosto de Terêncio. Terêncio se debatendo. Camille encarando. Terêncio para de se mover... Camille retira o travesseiro. Terêncio sem vida. Camille abre um sorriso e fecha os olhos de Terêncio. (som de sapatos subindo os degraus da escada) Camille olha assustada para a porta. Cândida entra no quarto.

CÂNDIDA – A empregada já está fazendo a sua sopa.

Cândida olha para o rosto de Terêncio e percebe seu rosto pálido.

CÂNDIDA – Pai?

Cândida percebe que Terêncio está sem vida e entra em choque.

CÂNDIDA – Meu pai...

Cândida chora e abraça o corpo de Terêncio. Close na Camille escondida debaixo da cama...

CENA 07. ENTERRO DE TERÊNCIO. EXTERIOR. DIA

Camille, Cândida, Dionísio e Domingos assistindo o caixão sendo enterrado... Carmela, Ramiro e os funcionários da Palácio de Chocolates atrás dos familiares. Cândida enxuga suas lágrimas.

CÂNDIDA – Gostaria de agradecer aos amigos e funcionários da Palácio de Chocolates por estarem comigo nesse momento mais difícil de minha vida. Enterrar uma pessoa que amamos não é nada fácil... Dói, dói como um tiro acertado no peito. É uma dor que não temos como explicar. A morte é cruel, ela leva as pessoas que mais amamos, mas infelizmente a morte faz parte da vida... (o diálogo fica em off)

Camille fingindo choro. Domingos olha desconfiado para sua irmã.

CENA 08. FRENTE DA MANSÃO. EXTERIOR. DIA

CÂNDIDA – Fico muito agradecido por terem comparecido ao enterro de meu pai. Vocês são meus grandes amigos.

CARMELA – Não precisa nos agradecer, dona Cândida.

RAMIRO – A senhora sempre poderá contar conosco.

Cândida abraça Carmela e Ramiro.

DIONÍSIO – Vocês não querem ficar para o almoço?

Camille e Domingos se olham.

RAMIRO – Nós adoraríamos, mas temos outros compromissos.

DIONÍSIO – Então fica para a próxima.

Camille e Carmela se abraçam.

CARMELA – Fica bem, minha amiga.

CAMILLE – Eu vou ficar.

Domingos se aproxima de Carmela.

DOMINGOS – Será que podemos conversar, Carmela?

Carmela concorda com a cabeça.

CENA 09. PRAÇA. EXTERIOR. DIA

Carmela sentada no banco. Domingos se aproxima com dois sorvetes de morangos nas mãos, entrega um para Carmela e senta ao seu lado.

CARMELA – O que você quer comigo?

DOMINGOS – Gostaria de saber da Desirée.

CARMELA – Não tenho nada de novo para falar dela. E eu acho melhor você tirar ela da sua cabeça pra sempre.

DOMINGOS – Por mais que eu tente, eu não consigo. Eu ainda sou loucamente apaixonado pela sua irmã.

CARMELA – Não é o que parece. Terminou tudo com ela só pelo trabalho dela de dançarina do Clube Dance.

DOMINGOS – Mas você sabe que todas as mulheres que trabalham como dançarina no Clube Dance tem uma má reputação. Eu sei que sua irmã é uma moça de respeito, mas eu não poderia ficar com uma pessoa que jamais seria respeitada pela sociedade.

CARMELA – Então quer dizer que a opinião das pessoas importa mais que o sentimento que você tem por ela?

Domingos se entristece.

CARMELA – É tarde demais pra tentar voltar atrás. Desirée não é mais aquela menina pura de antes. Todo mundo fala dela, e não seria nada bom pra reputação de sua família ser visto com ela. (se levanta). Eu gosto muito de você, Domingos, mas muita das vezes você se deixa ser levado pelas pessoas. Muito obrigada pelo sorvete.

Carmela beija a bochecha de Domingos e se retira. Domingos pensativo...

CENA 10. SALA DE CÂNDIDA E DIONÍSIO. INTERIOR. DIA

Camille, Cândida e Dionísio entrando na mansão.

DIONÍSIO – Eu vou tomar um banho e desço para o almoço.

CÂNDIDA – Daqui a pouco estou subindo.

Dionísio beija a bochecha de Cândida e sobe a escada.

CAMILLE – Estou muito triste pela partida do vovô.

CÂNDIDA – Imagina como estou por dentro.

Camille segura nas mãos de Cândida

CAMILLE – A senhora é uma mulher muito forte, uma guerreira que continua com a cabeça erguida mesmo com tantos problemas rodeando a sua vida. A senhora é a minha grande inspiração como mulher, como empresária e como mãe.

CÂNDIDA – Fico muito orgulhosa de saber disso.

Domingos entra na mansão.

CÂNDIDA – Deixarei vocês dois a sós.

Cândida sobe para o quarto.

DOMINGOS – Está feliz agora?

CAMILLE – Tenho motivos?

DOMINGOS – Não se faça de desentendida. Você sabe muito bem que estou falando da morte do velho. (se aproxima) Eu sei muito bem que tem um dedo seu nessa morte repentina.

CAMILLE – Eu seria incapaz de fazer uma maldade dessas. (ri).

DOMINGOS – Espero que não tenha deixado nenhum tipo de rastro que possa se voltar contra você.

CAMILLE – Não sou uma pessoa amadora nesse tipo de serviço. (olha para a escada) Precisamos ter uma conversa muito séria.

DOMINGOS – Vamos para o meu quarto.

CENA 11. QUARTO DE DOMINGOS .INTERIOR. DIA

Domingos reagindo (surpreso).

DOMINGOS – Como assim o filho da Cândida está vivo? Não foi ela mesma que disse que ele morreu depois do parto?

CAMILLE – Essa foi a história que disseram para ela, mas na verdade... (senta na cama) ele foi levado pela parteira ao mando do Terêncio. O motivo eu não sei, mas podemos descobrir e nos prevenir caso ele apareça.

DOMINGOS – Isso é impossível.

CAMILLE – Nunca subestima o destino.

DOMINGOS – O que faremos?

CAMILLE – Vamos continuar desviando o dinheiro da fábrica para as nossas contas no exterior.

DOMINGOS – Temos que conversar sobre isso... Estou começando a achar que estão desconfiando dos desvios que estou fazendo na fábrica.

CAMILLE – O que você fez de errado dessa vez?

DOMINGOS – Eu não fiz nada. Acontece, que o seu noivo tem me feito muitas perguntas estranhas ultimamente.

CAMILLE – Rodolfo... Será que ele está desconfiando de alguma coisa?

DOMINGOS – Se não está, vai começar. Temos que começar a abrir os olhos com ele. Não podemos correr o risco de ser descobertos.

CAMILLE – Nunca seremos descobertos.

Camille levanta da cama e ganha postura.

CAMILLE – Eu vou cuidar muito bem disso, não se preocupe.

Camille encarando...

CENA 12. CASA DE RAMIRO. SALA. INTERIOR. DIA

Carmela e Ramiro entrando. Desirée descendo a escada, cantarolando...

CARMELA – Que felicidade é essa?

DESIRÉE – Finalmente ganhei a oportunidade de se apresentar sozinha no palco principal do Clube Dance.

CARMELA – E desde quando isso é motivo pra tanta felicidade? Eu no seu lugar me sentiria envergonhada de dançar sem roupa na frente de um monte de homens casados.

RAMIRO – Carmela...

DESIRÉE – Já estou acostumada a ficar nua. (ri)

CARMELA – Por que não abandona esse trabalho e começa a trabalhar comigo na fábrica?

DESIRÉE – Trabalhar na fábrica? Nem morta! Sou uma lady, uma verdadeira dama, que um dia a de encontrar um cavaleiro com muitas posses para me dar a vida que eu mereço. (se retirando). Não precisa me esperar para o almoço.

Desirée beija a bochecha de Carmela e Ramiro, se retira.

RAMIRO – Não precisava ter falado desse jeito com a sua irmã.

Carmela revira os olhos.

CARMELA – Eu vou para o meu quarto.

Carmela sobe a escada. Ramiro senta no sofá, exausto, encosta e relaxa. Telefone toca. Ramiro atende.

RAMIRO – (ao tel) Alô?

JOANA – (ao tel) Ramiro? É a sua irmã Joana.

RAMIRO – (ao tel) Joana? (sorri) Quanto tempo que não se falamos, minha irmã. Está tudo bem com você?

JOANA – (ao tel) Comigo está tudo bem. Estou telefonando para te pedir um favor.

RAMIRO – (ao tel) Pois peça.

JOANA – (ao tel) Eu vou te explicar a história com calma.

Ramiro prestando atenção...

CENA 13. RUA DE CASTELO BRANCO. EXTERIOR. DIA

Desirée caminhando elegantemente... os homens que passam viram pescoços para admirar Desirée. Desirée olha para trás, vê os homens babando por ela e sorri levemente.

CENA 14. PREFEITURA. SALA DE MASSIMO. INTERIOR. DIA

Massimo com seu binóculo observando Desirée.

MASSIMO – Mas que espetáculo de mulher é essa?...

Hortência entra na sala silenciosamente...

HORTÊNCIA – Perdeu alguma coisa na janela, meu marido?

Massimo se assusta.

MASSIMO – Quer me matar do coração?

HORTÊNCIA – Queria te fazer uma surpresa, mas pelo visto você estava ocupado observando uma coisa bem mais interessante do outro lado da janela. (se aproxima da mesa) Posso saber o que tanto observava lá fora?

MASSIMO – (coça a garganta) Nada de interessante.

HORTÊNCIA – Será mesmo?

Hortência pega na orelha de Massimo.

HORTÊNCIA – Espero que não esteja olhando as mulheres desfilando por essa calçada.

MASSIMO – Tá achando que eu sou o que? Sou um homem de muito respeito, não olho nenhuma outra mulher a não ser para você, meu docinho de doce de leite. (senta na cadeira) Posso saber o que te trouxe até aqui?

Hortência senta na cadeira.

HORTÊNCIA – Meu irmão está voltando para o Brasil.

MASSIMO – E eu com isso?

HORTÊNCIA – Você sabe que a situação dele não é uma das melhores... Ele perdeu tudo que tinha, não tem mais o que comer e nem dinheiro para comprar as paisagens para voltar.

MASSIMO – É dinheiro que você quer?

HORTÊNCIA – (solta um sorriso) Exatamente! Eu não posso deixar o meu único irmão desamparado nesse momento.

Massimo retira o talão de cheque de dentro do terno, pega uma caneta, escreve o valor e entrega o cheque para Hortência.

HORTÊNCIA – Esse valor é muito mais que eu esperava.

MASSIMO – Você merece isso e muito mais.

Hortência levanta, vai para trás da mesa e senta no colo de Massimo.

HORTÊNCIA – Você é o melhor marido do mundo, Massimo.

Hortência beija Massimo.

CENA 15. CASA DE HORTÊNCIA E MASSIMO. QUARTO DE INÁCIO. INTERIOR. DIA

Inácio olhando da janela. Brigite entra no quarto.

BRIGITE – O senhor mandou me chamar?

Inácio olha sorridente para Brigite e se aproxima alegremente.

INÁCIO – Estou me sentindo tão feliz, minha amiga.

BRIGITE – Por que toda essa felicidade?

INÁCIO – Meu tio está voltando para o Brasil. Eu tenho poucas recordações dele, mas sinto que nós dois seremos muito mais que tio e sobrinho.

BRIGITE – Espero que ele não seja como sua avó.

INÁCIO – Meu tio deve ser um homem simples, não posso dizer o mesmo da esposa dele. Segundo a minha avó, ela fracassou em todas as obras que escreveu, então podemos imaginar que ela seja uma pessoa amargurada com a vida.

BRIGITE – Fiquei com pena dela. Imagina desenvolver uma história durante anos e ninguém se interessar pela história? Deve ser uma de piores sensações da vida.

INÁCIO – Talvez... Mas isso não importa agora. Eu quero que você mande a empregada arrumar o quarto de hóspede. Quero que eles se sintam em casa.

BRIGITE – Essa sua alegria me deixa tão feliz... Eu gosto de quando você está entusiasmo com as coisas.

INÁCIO – Eu sofro muita pressão por conta do meu futuro como prefeito de Castelo Branco. Não era isso que eu queria, mas não tenho muito o que fazer.

BRIGITE – Por que você não diz a verdade para os seus avós?

INÁCIO – Não posso desapontar as pessoas que mais me ajudaram quando fiquei órfão de mãe e pai.

BRIGITE – E você vai parar de pintar?

INÁCIO – Isso nunca. Pintar é a minha vida. Eu só não terei tempo de praticar todos os dias como estou praticando.

BRIGITE – Inácio... (segura na mão dele) Eu queria tanto que você soubesse que eu...

INÁCIO – Que você o que?

Brigite solta a mão de Inácio e fica de costas para ele.

BRIGITE – Deixa isso quieto. É melhor eu voltar pra minha cozinha.

INÁCIO – Brigite, espera.

Inácio pega uma folha com o rosto de Brigite em forma de desenho.

INÁCIO – Eu queria te entregar no dia do seu aniversário, mas acho que esse é o melhor momento.

Inácio entrega a folha para Brigite. Brigite sem reação.

INÁCIO – Então, você gostou?

BRIGITE – Eu... Eu estou sem palavras.

Inácio sorri.

INÁCIO – Te prometo que faço um quadro com o seu rosto.

BRIGITE – Não sei nem o que dizer.

INÁCIO – Não diga nada. (segura nas mãos dela) Você tem sido uma ótima amiga pra mim.

Inácio beija a bochecha de Brigite.

INÁCIO – Tenho que terminar um presente que estou preparando para o meu tio Roberto.

BRIGITE – Eu vou voltar para minha cozinha.

Brigite se retira do quarto. Inácio pensativo olhando para o desenho que prepara para Roberto.

CENA 16. CASA DE HORTÊNCIA E MASSIMO. COZINHA. INTERIOR. DIA

Brigite entrando na cozinha admirando seu retrato, se apoia na mesa, ainda sem acreditar. Gaspar entra, sorrindo, se aproxima de Brigite e beija sua bochecha.

GASPAR – Trouxe um presente pra você...

BRIGITE – (interrompendo) Olha só o retrato que o Inácio fez.

Brigite mostra para Gaspar... O sorriso dele sumindo aos poucos.

BRIGITE – Não ficou lindo?

GASPAR – (desanimado) É...

BRIGITE – Eu tenho certeza que ele é apaixonado por mim... Mas não entendo porque ele demora tanto pra se declarar pra mim.

GASPAR – Talvez ele esteja esperando a hora certa pra fazer isso.

BRIGITE – (sorrindo) Serei a mulher mais feliz do mundo... (se recorda) E o presente que você tinha pra mim?

GASPAR – Não era nada... É só uma das minhas brincadeiras.

BRIGITE – Então eu vou preparar o almoço.

Brigite guarda a folha no bolso. Gaspar entristecido, olha para a rosa que pegou do jardim e joga no lixo.

CENA 17. CASA DE NESTOR. SALA. INTERIOR. NOITE

(ao anoitecer...)

Sônia deitada na cama, sorridente, pensando no último encontro com Francisco... Nestor entra no quarto. Sônia se assusta, senta na cama, olha assustada para Nestor.

NESTOR – Já está tudo resolvido com o filho do fazendeiro.

SÔNIA – O senhor realmente vai continuar insistindo nisso? Num casamento que nunca vai dá certo?

NESTOR – Não dará certo se você continuar pensando naquele sem teto do Francisco. Francisco não era o homem certo pra você, minha filha. O homem certo é o Olavo. O Olavo sim é o homem que vai te dar uma vida de rainha.

SÔNIA – Eu não quero uma vida de rainha, eu só quero ser feliz, será que não entende? A felicidade e o amor são a melhor base para se manter um relacionamento.

NESTOR – Já está decidido. (ajeita a calça) Amanhã sua mãe vai buscar o vestido que o seu futuro marido encomendou pra você vestir no primeiro encontro de vocês.

SÔNIA – Baile? Mas que baile?

NESTOR – Amanhã vocês irão se conhecer durante um baile que terá para os jovens da cidade.

SÔNIA – Eu não quero ir nesse baile.

NESTOR – Você não tem que querer nada. Já não basta a vergonha que você me causou? Reza muito, mas reza pro Olavo ficar encantado pela sua beleza... Se não você será mandada para o convento de outra cidade.

Nestor se retira do quarto.

SÔNIA – Não... Eu não posso me casar com outro homem. (olhos enchem de lágrimas) Por que está me fazendo sofrer tanto, meu Deus? Por que? O que eu fiz de tão ruim pra sofrer dessa forma? Eu não mereço todo esse sofrimento... (chora) Não mereço.

CENA 18. MANSÃO CÂNDIDA E DIONÍSIO. QUARTO TERÊNCIO. INTERIOR. NOITE

Cândida sentada na cama olhando os retratos de Terêncio. Uma carta que está entre as fotos cai no chão e Cândida pega.

CÂNDIDA – Que carta é essa?

Cândida põe os retratos em cima da cama. Ela abre a carta, lê o que está escrito e se assusta.

CÂNDIDA – Mas o que significa isso?

Cândida assustada olhando para a carta.

FIM DO CAPÍTULO...