Responsive Advertisement

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

CAPÍTULO 03

 

FILHO AMADO
CAPÍTULO 003

novela escrita por: MARCOS CASTELLI e DOUGLAS ARAÚJO
direção artística: FRED MAYRINK

Participam deste capítulo:

Danilo Mesquita como Francisco
Larissa Manoela como Camille
Maurício Destri como Domingos
Malu Galli como Cândida
Marcello Novaes como Dionísio
Angela Vieira como Hortência
Tony Ramos como Massimo
Murilo Rosa como Ramiro
André Luiz Frambach como Inácio
Ricardo Pereira como Roberto
Andreia Horta como Amélia
Ellen Rocche como Suzete
João Pedro Zappa como Armandinho
Olivia Torres como Carmela
Duda Brack como Desirée
Livian Aragão como Brigite

CENA 01. MANSÃO CÂNDIDA E DIONÍSIO. QUARTO DE TERÊNCIO. INTERIOR. NOITE

Cândida continua atônita.

CÂNDIDA – Meu Deus! (chora) Isso aqui só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto. (ri de nervoso, cai a ficha) Então o meu filho não está morto como me disseram?

Dionísio entra no quarto.

DIONÍSIO – Imaginava que você estaria aqui.

Dionísio se aproxima, percebe que Cândida está chorosa e fica preocupado.

DIONÍSIO – Por que está chorando?

CÂNDIDA – Eu acabei de descobri que meu filho não está morto, Dionísio. Meu filho está vivo. Meu filho está vivo!

Dionísio em choque.

DIONÍSIO – Como assim, meu amor? Me explica essa história direito.

Dionísio senta ao lado de Cândida, segura em suas mãos.

CÂNDIDA – Encontrei essa carta no meio das fotos de família. Nela está escrito que meu filho foi entregue assim que nasceu para a parteira que realizou o meu parto.

DIONÍSIO – Eu nem sei o que dizer.

CÂNDIDA – Estou me sentindo tão feliz. (se levanta) Essa notícia me renascer novamente. Precisamos procurar o meu filho por toda São Paulo.

DIONÍSIO – (se levanta) Fica calma. Eu sei que você está muito feliz com a notícia sobre seu filho, mas temos que pensar com muita calma para conseguirmos encontrar o paradeiro dele.

CÂNDIDA – Temos que ir atrás da mulher que fez o meu parto. Ela é a única pessoa que sabe o paradeiro dele.

DIONÍSIO – Nós vamos para São Paulo, vamos atrás dessa parteira e vamos encontrar o seu filho. Não importa o sacrifício que eu tenha que fazer, eu vou encontrar o seu filho.

Cândida sorri para Dionísio.

CÂNDIDA – Obrigada por estar sempre ao meu lado.

DIONÍSIO – Sempre estarei ao seu lado.

Cândida e Dionísio se beijam...

CENA 02. MANSÃO CÂNDIDA E DIONÍSIO. SALA. INTERIOR. NOITE

Camille entrando na mansão. Cândida e Dionísio descem a escada.

CAMILLE – Que bom que vocês estão aqui. Fui até a igreja rezar pela alma do meu querido avô e de meu querido primo, que infelizmente morreu assim que veio ao mundo. (respira fundo) É uma tristeza sem fim.

DIONÍSIO – Temos uma ótima notícia para você, Camille.

CAMILLE – Pra mim? Espero que seja uma notícia boa.

CÂNDIDA – É a melhor notícia do mundo. O meu filho não está morto como me disseram.

Fisionomia de Camille muda.

CÂNDIDA – (CONT'D) O meu filho está vivo!

Camille sem reação.

DIONÍSIO – Não dirá nada, Camille?

CAMILLE – Como a senhora descobriu que ele está vivo?

CÂNDIDA – O meu pai deixou uma carta dizendo toda a verdade. Estou me sentindo uma nova mulher com essa notícia.

DIONÍSIO – Essa notícia não é maravilhosa?

CAMILLE – Estou sem palavras para descrever o que estou sentindo... É uma mistura de alegria e emoção ao mesmo tempo.

CÂNDIDA – Conto muito com sua ajuda e de seu irmão para encontrarmos o meu querido filho.

Camille segura nas mãos de Cândida.

CAMILLE – A senhora pode contar comigo pra tudo nessa vida. Tudo que eu mais quero é a senhora ao lado de seu filho.

CÂNDIDA – Camille... (abraça) Você é um amor.

Close na Camille espumando de raiva.

CENA 03. QUARTO DE CAMILLE. INTERIOR. NOITE

Camille entra no quarto. Domingos entra em seguida.

DOMINGOS – O que aconteceu? Passou do meu lado como um furacão em fúria.

CAMILLE – Temos um novo inimigo bem próximo da gente.

DOMINGOS – Do que você está falando?

CAMILLE – O imbecil daquele velho deixou uma carta contando que o filho de nossa "querida titia" está vivo.

DOMINGOS – Isso é impossível.

CAMILLE – Deus realmente está conspirando contra a gente.

DOMINGOS – Não podemos perder a herança que um dia vamos receber dos nossos tios.

CAMILLE – É por isso mesmo que vamos encontrar o filho dela primeiro que eles. Encontramos esse morto que ressurgiu das cinzas e depois matamos ele.

DOMINGOS – Não acha que matar é demais?

CAMILLE – Você quer ou não quer a herança?

DOMINGOS – É tudo que eu mais quero.

CAMILLE – Então, seu idiota! Esse é o único jeito da gente não perder a herança dos nossos tios.

DOMINGOS – E como vamos fazer para encontrar esse filho?

CAMILLE – Ficaremos de olho em cada passo dessa investigação. Uma hora ou outra eles terão uma pista do paradeiro desse morto vivo. E aí será momento que iremos agir para nos livrarmos desse filho.

Camille e Domingos sérios.

CENA 04. CASA PREFEITO. MESA DO JANTAR. INTERIOR. NOITE

Inácio, Hortência e Massimo conversando durante o jantar.

HORTÊNCIA – Estou tão ansiosa para a chegada de meu irmão. Sinto que essa casa voltará a ser como antes.

MASSIMO – Não estou gostando nada de saber que ele ficará hospedado aqui na minha casa.

HORTÊNCIA – Sua opinião é a mesma coisa que nada. (Para Inácio) Está feliz com a chegada do seu tio?

INÁCIO – Feliz é pouco. Estou muito ansioso para conhece-lo.

HORTÊNCIA – Eu tenho certeza que vocês serão ótimos amigos. Quem sabe ele não bota nessa sua cabeça a ideia de casar com a sobrinha do Dionísio?

INÁCIO – De novo essa história?

HORTÊNCIA – Continuarei insistindo até você acordar pra vida. Será que não percebe que se casando com a Camille Marcondes, você continuará sendo rico pro resto da vida?

MASSIMO – Deixa o menino em paz, Hortência. Não está vendo que ele não quer falar sobre esse assunto?

HORTÊNCIA – (tom) Mas eu quero! Não é justo o meu único neto não ser ambicioso como eu, não pensar como eu penso, não ser esperto como eu sou.

INÁCIO – (bate na mesa) Chega!

Hortência e Massimo se assustam.

HORTÊNCIA – Que isso?

INÁCIO – Será que não consegue entender que eu não quero me casar com ninguém? Estou farto da senhora ficar tentando me empurrar pra cima da Camille.

HORTÊNCIA – Eu só quero o seu bem.

INÁCIO – Não é o que parece. (se levanta) Perdi a apetite.

Inacio se retira.

HORTÊNCIA – Isso não vai ficar assim.

MASSIMO – Até quando você vai continuar insistindo nessa história de casamento com a menina Camille?

HORTÊNCIA – O tempo que for preciso. Se meu neto não se casar com ela, ele pode ser desconsiderado o meu neto.

Hortência se levanta e se retira. Massimo exausto.

CENA 05. QUARTO DE INÁCIO. INTERIOR. NOITE

Inácio sentado na cama, entristecido. Hortência entra.

HORTÊNCIA – A nossa conversa ainda não terminou.

INÁCIO – Não temos nada para conversar.

HORTÊNCIA – Não seja dramático.

INÁCIO – Dramático? Eu não estou mais aguentando a senhora impressionando pra arrumar uma namorada.

HORTÊNCIA – Faço isso para o seu bem. Daqui a pouco toda a cidade vai achar que você é um invertido.

INÁCIO – E se eu fosse um invertido?

HORTÊNCIA – Você certamente deixaria de ser meu neto.

Inácio assustado olhando para Hortência.

HORTÊNCIA – Eu não crei um homem para se deitar com um outro homem na mesma cama. Crei um neto macho, um neto macho para assumir os negócios da família quando seu avô e eu estivemos mortos.

INÁCIO – A enhora não precisa se preocupar. Eu não sou um invertido como pensa.

HORTÊNCIA – Eu acho bom mesmo. Seu tio está vindo para a cidade amanhã. Falarei com ele para ficar encarregado de arrumar uma noiva de família para você.

INÁCIO – Como o senhora quiser.

Hortência olha com desprezo para as pinturas de Inácio.

HORTÊNCIA – E trate de voltar a pintar na floricultura. Não quero que vejam essas merdas espalhadas pelo quarto de um homem que futuramente será o responsável por governar a cidade.

Hortência se retira do quarto. Inácio cai no choro e se encolhe olhando suas pinturas.

CENA 06. ESTAÇÃO DE TREM. EXTERIOR. NOITE

Ramiro esperando Francisco. O trem chega na estação. Ramiro levanta uma placa com o nome do Francisco. Francisco saindo de dentro do vagão, pega suas malas e enxerga seu nome na placa. Francisco acena para Ramiro e vai até ele.

RAMIRO (alegre) – Francisco?

FRANCISCO – Isso mesmo.

RAMIRO – Seja bem vindo.

Ramiro abraça Francisco.

RAMIRO – Me chamo Ramiro.

Se cumprimentam.

RAMIRO – Sou irmão da sua madrinha Joana. Não precisa me dizer nada (pega uma mala) a minha irmã me contou toda história.

FRANCISCO – Muito obrigado por me hospedar em sua casa. Prometo que não fico por muito tempo.

RAMIRO – Para com isso, meu camarada.

Francisco sorri.

RAMIRO – Você pode ficar o tempo que você precisar. Agora vamos, que você deve estar cansado dessa longa viagem.

FRANCISCO – Cansado é pouco.

Eles riem. Francisco e Ramiro saem andando...

CENA 07. CASA DE RAMIRO. SALA. INTERIOR. NOITE

Carmela sentada no sofá, ouvindo a rádionovela de seu grande ídolo.

NARRADOR – (voz) Você vai ouvir agora a rádionovela "Rastros de Mentiras". Radiouvintes, a TV Guanabara apresenta: Rastros de Mentiras, o drama de duas pessoas que são separados por uma mentira de uma mulher ambiciosa. No capítulo anterior: Isabel descobre toda a verdade sobre a falsa gravidez de Cristina.

ISABEL – (voz) Eu sabia que não estava grávida. Só mentiu para segurar Celso, mas ele saberá de toda a verdade.

CRISTINA – (voz) Não!

NARRADOR – (voz) Para não ser desmascarada, Cristina ameaça Isabel com uma arma.

CRISTINA – (voz) Se contar para Celso sobre a minha falsa gravidez... (som de destravamento de arma) eu tiro a sua vida como tirei de nossa mãe.

Carmela surpresa com a revelação.

NARRADOR – (voz) Neste momento, Celso entra no quarto e se depara com Cristina ameaçando sua amada com uma arma.

CELSO – (voz) Cristina!

CRISTINA – (voz) Celso?

NARRADOR – (voz) O que será que Cristina fará para não ser desmascarada? Não percam o último capítulo de "Rastros de Mentiras".

Carmela desliga o rádio, ainda impactada com o capítulo da rádionovela.

CARMELA – Meu Deus! Espero que não aconteça nada de ruim com o Celso. Eu seria uma mulher viúva se meu personagem favorito for morto pela bruxa da Cristina.

Ramiro entra com Francisco. Carmela se levanta, abre um sorriso e se aproxima.

RAMIRO – Olha só que o chegou, minha filha.

CARMELA – Ele que é o Francisco?

Ramiro concorda com a cabeça.

CARMELA – Seja muito bem vindo.

FRANCISCO – Obrigado.

RAMIRO – Eu tenho uma outra filha, mas aquela dali... (coça a cabeça) só sabe me trazer desgosto.

FRANCISCO – Mas tenho certeza que ele deve amar muito o senhor.

CARMELA – O coitado nem sabe da cobra que estamos falando.

RAMIRO – Vamos ter muito tempo para conversarmos. Por que não sobe para tomar um banho r trocar de roupa?

CARMELA – O jantar acabou de sair de fogo agorinha.

RAMIRO – É só você subir, virar na esquerda e entrar na última porta do corredor.

FRANCISCO – Com licença!

Francisco sobe a escada.

CARMELA – Ele parece ter um bom coração.

Ramiro fica pensativo.

CENA 08. CASA DE RAMIRO. BANHEIRO. INTERIOR. NOITE

Francisco tirando a roupa, entra na área de banho e abre o chuveiro... Durante o banho, ele se recorda de seu último encontro com Sônia.

*INÍCIO FLASHBACK...*

Sônia entra correndo na estação de trem.

SÔNIA – (gritando) Francisco!

Francisco olha para trás (em CAM lenta).

FRANCISCO – Sônia? (sorri)

Sônia vai correndo até Francisco e os dois se abraçam.

FRANCISCO – O que você está fazendo aqui?

SÓNIA – Me despedir de você, meu amor.

Francisco e Sônia se beijam apaixonadamente...

SÔNIA – Me promete que nunca me esquecer?

FRANCISCO – É claro que eu prometo. (beija ela) Você é a mulher da minha vida, Sônia. É a mulher com quem eu quero construir uma família futuramente.

SÔNIA – (emocionada) Fico tão feliz quando você diz isso.

FRANCISCO – E direi todos os dias

Francisco e Sônia se beijam pela última vez...

FIM DO FLASHBACK...

FRANCISCO – Eu te prometo que volto para te buscar, meu amor. Agora eu tenho que encontrar a minha mãe, que está por essa cidade grande do Rio de Janeiro. Eu sei que não será uma tarefa fácil, mas Deus estará comigo nessa busca.

CENA 09. MANSÃO CÂNDIDA E DIONÍSIO. QUARTO DO CASAL. INTERIOR. NOITE

Dionísio sentado na cama, com um livro aberto nas mãos. Cândida olhando da janela, olha para o relógio, muito ansiosa. Dionísio olha para ela, percebe sua ansiedade, fecha o livro e se levanta da cama.

DIONÍSIO – (se aproxima) Por que não tenta relaxar um pouco?

CÂNDIDA – Eu não consigo.

Dionísio abraça Cândida por trás.

CÂNDIDA – Tô muito ansiosa com toda essa história. Será que eu vou encontrar o meu filho? E se ele foi adotado por uma família que não mora mais aqui no país?

DIONÍSIO – Isso só vamos descobrir quando encontrarmos a parteira que fez o seu parto.

CÂNDIDA – Estou com tanto medo de encontrar essa mulher, e descobrir que ela não sabe mais o paradeiro do meu filho. Eu não quero sofrer mais que estou sofrendo.

DIONÍSIO – Você não precisar sentir medo.

Dionísio e Cândida ficam de frente para o outro. Dionísio acaricia seu rosto.

DIONÍSIO – Eu estou aqui com você, nunca se esqueça disso.

CÂNDIDA – Tenho muita sorte de ter você na minha vida.

Dionísio sorri.

CÂNDIDA – Muito obrigada por tudo.

DIONÍSIO – Eu te amo!

CÂNDIDA – Eu também te amo!

Cândida e Dionísio se beijam...

CENA 10. CASA DE RAMIRO. MESA DO JANTAR. INTERIOR. NOITE

Carmela, Francisco e Ramiro conversando.

CARMELA – Meu Deus! Essa história é muito mais triste do que eu imaginava.

RAMIRO – E como você vai fazer para encontrar a sua mãe?

FRANCISCO – Eu não sei... Na verdade, eu não sei como e nem por onde começar.

CARMELA – Você tem alguma coisa que possa te levar até a sua mãe?

FRANCISCO – Só tenho uma carta e um colar com o retardo dela mais jovem.

CARMELA – É um ótimo começo.

RAMIRO – Mas tem que tomar muito cuidado. Rio de Janeiro é uma cidade com muitos ladrões e golpistas.

CARMELA – Nisso ele tem razão.

FRANCISCO – O que eu faço?

RAMIRO – Melhor andar com ele no bolso ou pôr ele no pescoço, e esconde-lo por baixo da blusa.

FRANCISCO – Farei isso.

RAMIRO – Tá gostando da comida?

FRANCISCO – É a melhor que eu já comi em toda minha vida.

Carmela e Ramiro riem.

CENA 11. CLUBE DANCE. INTERIOR. NOITE

O salão com muitos homens, orquestra tocando, mulheres dançando pelo salão (no ritmo da música). Suzete observando o salão encostada no balcão, leque nas mãos e se ventilando.

SUZETE – O movimento está do jeito que eu gosto. Só espero que a Desirée não faça nenhuma burrada. Tô apostando todas as minhas fichas nessa apresentação.

Domingos entra no salão, é recepcionado por uma das dançarinas, mas ele abaixa a cabeça e vai para perto de Suzete.

DOMINGOS – Boa noite, mademoiselle.

Suzete olha para Domingos e abre um sorriso.

SUZETE – Domingos? (ri de felicidade)

Domingos e Suzete se abraçam.

SUZETE – Por que anda tão sumido? Minhas meninas sentiram sua falta nesses últimos dias.

DOMINGOS – Me falta tempo para aproveitar a vida.

SUZETE – Mas tenho certeza que você saberá recuperar esses dias perdidos.

DOMINGOS – (ri) Certamente. O que temos para hoje?

SUZETE – Um número solo da Desirée.

Domingos surpreso.

DOMINGOS – A Desirée vai se apresentar? Mas ela não era apenas uma garçonete?

SUZETE – Ela me pediu uma oportunidade, e eu dei essa oportunidade para ela. Desirée é uma moça talentosíssima. Tenho certeza que ela vai arrasar no número.

Domingos nervoso, passa seu pano na testa e respira fundo. Corta: Charlotte sobe no palco. Os clientes aplaudem. Charlotte fala no microfone:

CHARLOTTE – Peço desculpas pela demora, mas toda essa demora foi por uma boa causa. Hoje teremos uma dançarina nova se apresentando em um número solo.

Os clientes comentam.

CHARLOTTE – Estão preparados para resistirem a sedução da nossa nova dançarina? Que comece o show!

As luzes se apagam, as cortinas se fecham. Desirée põe uma perna para fora da cortina (canção iniciada). Desirée sai de trás da cortina com um vestido sensual, vermelho com brilhos, salto alto vermelho nos pés e batom vermelho nos lábios... Assobios são ouvidos. Desirée vai para o meio do palco, sensualizando, olhando com malícia para os homens que estão assistindo sua apresentação. Encosta na parede, desce até o chão, olha para frente e vê Domingos. Domingos encarando. Desirée chama Armandinho com o dedo indicador para o palco. Armadinho boquiaberto, se aproxima do palco... Desirée pega pela sua gravata, aproxima seu rosto dos lábios de Armadinho, mas empurra ele, que cai sentado na cadeira. Desirée desfilando pela passarela, os homens admirados com ela, um deles se aproximam boquiaberto, ela põe a mão no rosto dele e o afasta delicadamente... Desirée sobe na mesa, desce com ajuda do garçom, que ganha um beijo na bochecha. Se aproximando da mesa das mesas de vários homens, seduzindo cada um deles. Senta no colo de Armandinho, tira o chapéu de sua cabeça, ameaça dar um beijo nele, mas põe o chapéu em seu rosto. Vai desfilando para perto de Domingos, senta no balcão, puxa ele pela gravata, os dois se encaram... Desirée põe seu dedo indicador nos lábios dele e finaliza a canção olhando para ele. Domingos sem reação. Desirée retornando para o palco, aplaudida, com muitos assobios. Suzete aplaudindo, muito contente. As cortinas se fecham. A orquestra retornam com as músicas de antes... Domingos ajeita seu paletó.

SUZETE – (feliz) Essa apresentação foi um sucesso!

DOMINGOS – (sério) Detestei essa apresentação.

Domingos sai andando...

SUZETE – O que importa a opinião dele? (ri). Charlotte, me sirva uma bebida bem forte. Estou sentindo que passarei a faturar muito com a Desirée.

Suzete solta um sorriso.

CENA 12. MANSÃO CÂNDIDA E DIONÍSIO. QUARTO DE DOMINGOS. INTERIOR. NOITE

Domingos entra no quarto, se assusta com Camille sentada na cama.

DOMINGOS – Quer me matar do coração?

CAMILLE – (ri) Também não é pra tanto.

Domingos vai para o canto, tira seu paletó e deita na cama.

CAMILLE – Hum... não gosto de quando você fica com essa cara. O que foi que aconteceu?

DOMINGOS – Nunca mais quero saber da Desirée.

CAMILLE – Olha... (aplaude) será que finalmente tomou juízo?

DOMINGOS – O que ele fez hoje não tem perdão. Dançou quase sem roupas na frente de vários homens. Tinha que ver como ela estava sendo comida pelos olhos por aqueles homens.

CAMILLE – Desirée nunca foi uma moça descente como a Carmela, que é uma moça de muito respeito. Espero que isso faça você esquecer de vez essa devassa.

Camille levanta da cama.

CAMILLE – Nossos tios estarão indo para São Paulo amanhã. Bem provável que eles demorem para retornarem. Essa será uma ótima oportunidade para tentarmos encontrar o filho morto dela.

DOMINGOS – (respira fundo) Não estou com cabeça para falar sobre isso.

CAMILLE – Só estou te alertando. Tenha uma ótima noite.

Camille dá uma bitoca na boca de Domingos e se retira do quarto. Domingos pensativo...

CENA 13. AMANHECER DE CASTELO BRANCO. EXTERIOR. DIA

O sol nascendo, pessoas andando na cidade, carros por todos os lados, bondinho passando, estabelecimento abrindo as portas. Corta para a fachada da mansão de Cândida e Dionísio.

CENA 14  MANSÃO CÂNDIDA E DIONÍSIO. SALA. INTERIOR. DIA

Cândida e Camille se abraçando.

CAMILLE – Sentirei tanta sua falta.

CÂNDIDA – Eu também.

CAMILLE – Gostaria tanto de acompanhar a senhora e meu tio... mas meu noivo está retornando hoje para Castelo Branco, não quero ficar ausente quando ele chegar.

CÂNDIDA – Nem eu aceitaria que você me acompanhasse. Não é justo que você fique dedicando sua vida a minha pessoa.

CAMILLE – Faço isso com muito gosto. Sempre serei grata a senhora e o titio por ter nos acolhido no momento mais difícil de nossas vidas.

CÂNDIDA – Você é um amor, Camille.

Cândida abraça Camille. Dionísio e Domingos entram na mansão.

DOMINGOS – As malas já estão todas no carro.

DIONÍSIO – (a Cândida) Vamos?

CÂNDIDA – Vamos.

CENA 15. ENTRADA DA MANSÃO. EXTERIOR. DIA

Cândida e Dionísio se despedindo de seus sobrinhos...

CÂNDIDA – Prometo que não demoramos.

DOMINGOS – Espero que a senhora encontre o seu filho.

CÂNDIDA – É tudo que eu mais desejo.

CAMILLE – Tenho certeza que tudo vai dar certo.

DIONÍSIO – Cuidem bem da mansão. Qualquer coisa é só telefonar para o Ramiro.

CAMILLE – Pode deixar.

Cândida e Dionísio entram no quarto. Camille e Domingos acenam para eles. O carro vai embora... Camille fecha a cara.

CAMILLE – Finalmente...

DOMINGOS – O que faremos agora?

CAMILLE – No momento certo você saberá.

Camille entra para a mansão. Domingos revira os olhos e entra em seguida.

CENA 16. CASA DE RAMIRO. MESA DO CAFÉ. INTERIOR. DIA

Francisco arrumando a mesa do café. Desirée desce a escada, bocejando, vai para a cozinha e se depara com Francisco.

FRANCISCO – Bom dia.

Desirée grita. Francisco tapa os ouvidos. Carmela e Ramiro descem desesperados para a cozinha.

RAMIRO – (preocupado) Que gritaria é essa?

DESIRÉE – Tem um intruso na nossa casa.

CARMELA – Era isso? (respira aliviada) Precisava de todo esse escândalo?

DESIRÉE – Claro que sim.

RAMIRO – Esse daí é o Francisco.

Francisco acena para ela.

RAMIRO – (CONT'D) Ele chegou ontem durante a noite. Você não estava em casa, estava no Clube Dance.

CARMELA – Pensei que era uma coisa séria.

DESIRÉE – Por acaso eu dou a adivinha? Como que eu poderia imaginar que tinha gente nova morando com a gente? (Para Francisco) Peço desculpas por ter gritado.

FRANCISCO – Não tem problema.

CARMELA – Hum... que cheirinho de café maravilhoso é esse?

FRANCISCO – Eu acordei um pouco mais cedo, quis fazer um agrado para vocês, e... preparei o café da manhã.

RAMIRO – Não precisava se incomodar...

DESIRÉE – Precisava, sim. (senta na cadeira) Não é todo dia que tem café da manhã nessa casa.

RAMIRO – Faço café todos os dias.

DESIRÉE – Que é péssimo por sinal.

RAMIRO – Você também acha o meu café ruim, Carmela?

CARMELA – Quer ajuda na cozinha, Francisco? Vamos, que eu ajudo você terminar de preparar o café.

Carmela puxa Francisco para a cozinha. Desirée ri.

DESIRÉE – Não disse?

Ramiro sem reação.

CENA 17. CASA PREFEITO. QUARTO DE INÁCIO. INTERIOR. DIA

Inácio fechando sua blusa. (batidas na porta)

INÁCIO – Já estou indo.

Inácio põe seu óculos, se olha no espelho.

INÁCIO – Pode entrar.

Brigite entra no quarto.

INÁCIO – Como estou?

BRIGITE – Muito bonito.

INÁCIO – Será que o meu tio vai gostar?

BRIGITE – Pode ter certeza.

INÁCIO – Ai, Brigite...

Inácio puxa Brigite para cama, os dois sentam.

INÁCIO – Estou tão nervoso com a chegada do meu tio.

BRIGITE – Por que? Não foi você mesmo que falou que ele era um homem bom?

INÁCIO – Eu não tenho certeza de nada. Só tirei conclusão pelo retrato que minha avó tem dele.

BRIGITE – E ele é bonito?

INÁCIO – (derretido) É um homem que toda mulher desejaria ter.

BRIGITE – Inácio? (estala os dedos)

Inácio desperta.

INÁCIO – O que foi?

BRIGITE – Você parou no tempo.

Inácio levanta da cama, vai para perto da janela e encolhe seus braços.

BRIGITE – (se levanta) Sua avó está lhe aguardando na sala. Disse que não era pra demorar. Com licença.

Brigite se retira do quarto. Inácio olha para trás, pensativo.

CENA 18. CARRO DE ALUGUEL. EXTERIOR. DIA

O carro entrando na cidade... Gaspar dirigindo. Roberto põe sua cabeça para fora da janela, olha para as pessoas que olham curiosas para o carro. O carro estaciona na frente da casa do prefeito. Roberto desce. Amélia desce do carro, olha com desprezo para a cidade. No fundo, Roberto paga o motorista e pega as malas que estão no chão?

ROBERTO – O que espera para entrar?

Amélia abaixa o véu do chapéu e sobe a escadaria... Roberto subindo em seguida com as malas.

CENA 19. CASA PREFEITO. SALA. INTERIOR. DIA

Brigite abrindo a porta. Amélia e Roberto entram.

BRIGITE – Sejam muito bem vindos!

ROBERTO – Obrigado!

BRIGITE – O senhores desejam alguma coisa?

ROBERTO – Um refresco de laranja para minha esposa, e um café bem forte para mim.

BRIGITE – Como desejam.

Brigite se retira. Hortência descendo a escada, vê seu irmão na sala e abre um sorriso.

HORTÊNCIA – Roberto!

Roberto sorri. Hortência e Roberto se abraçam.

HORTÊNCIA – Estou tão feliz por ter aceito o meu convite para morar em minha casa.

ROBERTO – Eu que estou feliz por ter voltado.

HORTÊNCIA – (Para Amélia) Como você está, Amélia?

AMÉLIA – Um pouco enojada da viagem.

HORTÊNCIA – Isso é normal.

ROBERTO – E Inácio? Onde ele está?

Inácio parado na escada.

INÁCIO – Estou aqui.

Roberto olha para Inácio. Inácio sério. Roberto abre um sorriso.

FIM DO CAPÍTULO...