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terça-feira, 23 de agosto de 2022

CORAÇÃO PARTIDO - CAPÍTULO 10

 


CORAÇÃO PARTIDO | CAPÍTULO 10

novela criada e escrita por
MARCOS CASTELLI

escrita com a colaboração de
DOUGLAS VICENTE

01
INT. MANSÃO ISADORA E JOAQUIM. SALA. DIA

MATIAS – Você vai voltar pro Brasil?

JOAQUIM – É o que mais desejo nesse momento. Tenho algumas pendências do passado para serem resolvidos.

MATIAS – Mas você tá preparado pra voltar?

JOAQUIM – Mais do que nunca. Por mais que eu esteja triste pela morte da Isadora, eu tenho que seguir em frente.

MATIAS – Tá certo. Então estarei providenciando sua volta o mais rápido possível.

JOAQUIM – Essa semana estava dando uma olhada na internet e vi que tem uma linda mansão à venda no Jardim do Vale.

MATIAS – Você vai querer essa mansão?

JOAQUIM – Claro que sim. Faça uma reforma e deixa ela impecável, como se estivesse nova.

MATIAS – Pode deixar comigo. O senhor terá toda o conforto que merece.

Joaquim levanta do sofá.

JOAQUIM – Eu também quero que você fique de olho em uma pessoa pra mim.

MATIAS – Que pessoa?

JOAQUIM – Carmen Espírito Santo. Ela é uma socialite muito rica, tem muito poder ali naquela cidade. Eu tenho certeza que essa mulher esconde um podre do passado.

MATIAS – Te deixarei informado de tudo.

JOAQUIM – Estou gostando da sua competência. É um sinal que posso contar com você.

Matias levanta do sofá.

MATIAS – O senhor sempre poderá contar comigo.

Joaquim e Matias se olham fixamente...

JOAQUIM – É melhor você ir.

MATIAS – Estarei resolvendo tudo ainda essa semana. Tenha um ótimo dia, Joaquim.

Matias pega sua maleta e se retira da mansão. Francis entra apressado na sala.

FRANCIS – Joaquim.

JOAQUIM (preocupado) – Que cara é essa, Francis?

FRANCIS – O Benjamin tá ardendo em febre.

JOAQUIM – Era só o que me faltava.

Joaquim corre para o quarto. Francis corre em seguida.

02
EXT. CONDOMÍNIO. FRENTE. DIA

LUCAS – O que a senhora faz aqui?

CARMEN – Eu vim te fazer uma visita, mas já deu pra perceber que você já está muito bem acompanhado.

LUCAS – Esse é o meu namorado.

CARMEN – Já desconfiava.

LUCAS – Fala logo o que a senhora quer e vá embora. Estávamos de saída.

CARMEN – Você vai me fazer uma desfeita dessas, Lucas? Eu ainda sou sua mãe, faz anos que não te vejo. Não vai me chamar pra conhecer seu apartamento?

Ranulfo sussurra no ouvido de Lucas:

RANULFO – Recebe ela, meu amor. Eu vou na padaria comprar uma coisinhas pra gente comer.

LUCAS – Tudo bem. Vamos entrar, mãe.

Carmen e Lucas entram no condomínio.

03
INT. APARTAMENTO LUCAS. SALA. DIA

Carmen e Lucas entram no apartamento.

CARMEN – E não é que o apartamento é bonitinho? Muito bem decorado, tudo organizado, limpinho.

LUCAS – Eu sei muito bem que a senhora não veio até aqui por saudades de mim. Já posso imaginar que a fofoqueira da Melissa, deve ter contado tudo pra senhora.

CARMEN – Ela não tem nada a ver com isso.

Carmen senta no sofá.

CARMEN – Fico muito feliz de saber que você tá bem. Só não gostei de saber que tem outro homem morando aqui com você.

LUCAS – Ranulfo é o meu namorado.

CARMEN – Isso é uma pouca vergonha. Com tantas mulheres no mundo e você tendo relações com um homem? Sendo que ele contém a mesma coisa que você. Você só me dá desgosto, Lucas.

LUCAS – Como se a senhora fosse alguma santa.

CARMEN – Eu sou uma santa. Leio a bíblia, sigo os mandamentos do senhor e faço tudo que está escrito no livro sagrado.

LUCAS – Só o que senhora fez no passado, é um pecado que não tem perdão. Me separou do menino que mais amava nessa vida. Enquanto não nos separou, não sossegou

CARMEN – E não me arrependo de nada. Tenho certeza que aquele maldito nem se lembra mais de você. O que tá esperando? Me mostra o restante do seu apartamento.

Carmen levanta do sofá e sai andando. Lucas revira os olhos.

04
INT. HOSPITAL SANTA CLARA. SALA GAEL. DIA

Gael entra na sala e senta na cadeira. Estela entra em seguida.

ESTELA – Será que podemos conversar?

GAEL (sério) – Não temos nada para conversar.

ESTELA – Para de me tratar assim. Desde ontem que você não olha na minha cara.

GAEL – Só estou de saco cheio do jeito que você me trata. Eu tenho esposa que não me ama, que nunca quer fazer nada comigo, que sempre inventa uma desculpa pra não namorar comigo. Ontem mesmo você disse que teria plantão, mas não tinha coisa nenhuma. Sem contar que você sempre despreza a nossa filha.

ESTELA – Como que eu posso gostar do fruto de um estupro? Eu fui estuprada nos meus quinze anos, eu não queria ter essa criança. Você é a prova do meu sofrimento.

GAEL – Eu sei muito bem o que aconteceu com você, mas a menina...

ESTELA (interrompendo) – Ela me lembra o salafráio do Júlio em todos os sentidos. E você sabe que eu tenho nojo desse homem. Quando eu me casei com você, eu gostava de você. Se não fosse por você, eu estaria falada até hoje na cidade. Eu tenho gostar daquela garota, mas eu não consigo. É muito difícil pra mim.

Estela chora. Gael levanta e abraça ela.

GAEL – Eu sei que foi muito difícil pra você.

ESTELA – Me desculpa por ter se tornado essa pessoa. Prometo que vou tentar se tornar uma pessoa melhor.

Gael beija a testa de Estela e fica pensativo.

05
INT. MANSÃO ISADORA E JOAQUIM. QUARTO BENJAMIN. DIA

O médico termina de examinar Benjamin. Joaquim se aproxima.

JOAQUIM – O que ele tem?

MÉDICO – Seu filho está com pneumonia.

JOAQUIM – Pneumonia? Mas como se ninguém aqui estava doente?

MÉDICO – Ele pode ter pego de qualquer outra pessoa. A tuberculose é uma doença transmissível. O contágio ocorre através do ar, da tosse, espirro e fala da pessoa que está doente que lança os bacilos no ambiente.

JOAQUIM – E o que pode ser feito pra ele ficar curado dessa doença?

MÉDICO – Há um tratamento que pode ser feito em seus meses, mas sugiro que o senhor leve ele para o hospital.

JOAQUIM – É o que eu vou fazer nesse exato momento. Muito obrigado por ter vindo, doutor.

MÉDICO – Só estou fazendo o meu trabalho. Tenha um ótimo dia e uma ótima recuperação para seu filho.

JOAQUIM – Obrigado.

O médico se retira do quarto. Francis entra no quarto.

FRANCIS – Ele vai ficar bem, senhor Joaquim?

Joaquim senta na cama.

JOAQUIM – É o que eu espero, Francis.

Joaquim olha preocupado para Benjamin.

JOAQUIM – Vai ficar tudo bem, meu amor.

Joaquim beija a testa de Benjamin. Benjamin tosse.

JOAQUIM – Por favor, peça ao motorista que tire o carro da garagem urgentemente.

FRANCIS – Sim, senhor!

Francis se retira do quarto.

06
INT. MANSÃO PREFEITO. SALA. DIA

Júlio entra na mansão e joga sua mochila no sofá.

JÚLIO (respira fundo) – Ai, que saudades dessa casa.

Rafael desce a escada e fica surpreso quando vê Júlio.

RAFAEL – Júlio? O que você tá fazendo aqui?

JÚLIO – Gostou da surpresa?

RAFAEL – Eu não sabia que estava pra voltar.

JÚLIO – Nem eu sabia que iria voltar tão cedo. Acontece, que eu terminei tudo que eu tinha pra fazer naquele hospital. Agora eu sou formado, com diploma e autorização para trabalhar como médico.

RAFAEL – Pelo menos você tomou um jeito na vida.

JÚLIO – E cadê o resto da família?

RAFAEL – Sua mãe foi as compras e sua irmã tá no Rio de Janeiro.

JÚLIO – A Melissa no Rio de Janeiro? O que ela tá fazendo?

RAFAEL – Estou muito atrasado para uma reunião.

Rafael se retira da mansão.

JÚLIO – Ele não gostou que eu voltei.

07
INT. APARTAMENTO LUCAS. SALA. DIA

Ranulfo entra no apartamento.

CARMEN – Que bom que você voltou, meu querido.

RANULFO – Eu fui na padaria comprar algumas coisinhas pra gente tomar café da tarde.

CARMEN (p/Lucas) – Aproveitando que o seu namorado trouxe o café da tarde, que tal eu mesma preparar um suquinho?

LUCAS – Ele não bebe suco.

CARMEN – Sério? E o que você bebe?

RANULFO – Uma boa vitamina de banana.

CARMEN (se alegra) – Ah, então irei fazer uma vitamina especialmente pra você.

Carmen pega as sacolas que estão nas mãos de Ranulfo.

CARMEN – Até daqui a pouquinho.

Carmen vai para cozinha.

LUCAS – Que história é essa de vitamina? Você tem tolerância a lactose.

RANULFO – Você acha que eu sou idiota de tomar alguma coisa das mãos da sua mãe? Eu sei muito bem que ela veio aqui com um propósito, e esse propósito é acabar comigo.

Lucas fica pensativo.

08
INT. APARTAMENTO LUCAS. COZINHA. DIA

Carmen termina de fazer a vítima de banana. Ela enche os dois copos e no último copo, ela enche pela metade.

CARMEN – Agora você vai conhecer o inferno, Ranulfo.

Carmen tira o frasco de veneno do sutiã e joga todo o líquido no copo.

CARMEN – Só não posso me esquecer que esse (põe a mão) é o copo com veneno.

Carmen põe os copos na bandeja e sai da cozinha.

09
INT. APARTAMENTO LUCAS. SALA. DIA

Carmen entra na sala.

CARMEN (sorrindo) – Aqui estão as vitaminas.

Lucas olha desconfiado para os copos e percebe que um deles está pela metade.

CARMEN – Esse aqui é o seu, meu querido. (entrega para Lucas). E esse é o seu, Ranulfinho. (entrega o copo envenenado para Ranulfo).

CARMEN – Um brinde ao amor.

Lucas e Ranulfo se olham desconfiados. Carmen bebe toda a vitamina.

CARMEN – Ai, que delícia de vitamina. Vocês não vão beber a vitamina? Poxa, eu fiz com tanto carinho.

LUCAS – Eu vou trocar de copo com o, Ranulfo.

Os dois trocam os copos. Carmen arregala os olhos. Quando Lucas põe o copo na boca, ela grita:

CARMEN – Não! Não beba essa vitamina.

Carmen toma o copo das mãos de Lucas.

LUCAS – O que foi, mãe?

CARMEN (nervosa) – Tenho que ir embora. Meu vôo sai daqui há uma hora. Foi um grande prazer conhecer você, Ranulfo. Se falamos amanhã, meu filho.

Carmen pega sua bolsa e se retira do apartamento.

RANULFO – Não disse?

LUCAS – Ela realmente tava com más intenções. Me desculpa, Ranulfo.

Lucas abraça Ranulfo.

10
INT. COPACABANA PALACE. QUARTO. DIA

MELISSA – Como assim o seu plano não deu certo?

CARMEN – O Lucas, na mesma hora sacou tudo e trocou de copo com aquele desgraçado.

MELISSA – Estávamos prestes a se livrar dele.

CARMEN – Temos que arrumar outro jeito de se livrar dele.

MELISSA – Nada que um assalto ou um sequestro não resolveria.

CARMEN – É isso, Melissa. Vamos armar um falso assalto, só que nesse assalto, o assaltante mata ele e acabou os nossos problemas.

MELISSA – Mas como que você vai arrumar esses assaltantes?

CARMEN – Pra deixar o caminho livre pra você se casar com o Lucas, eu faço de tudo, até subir o morro do tráfico. Dessa semana o Ranulfo, não passa. Olha só o nome desse sujeitinho.

MELISSA – Ranulfo.

Elas riem.

11
INT. HOSPITAL. QUARTO. DIA

Estela sai do hospital e atravessa a rua. Ela passa ao lado de Júlio, mas não o reconhece.

JÚLIO – Estela?

Estela paralisa.

ESTELA – Eu conheço essa voz.

Estela olha para trás e fica em choque quando reconhece que é Júlio.

ESTELA – Júlio?

JÚLIO – Sentiu saudades, meu amorzinho? Que foi? O gato mordeu a sua língua?

ESTELA (em choque) – Por que você voltou, seu infeliz? Pra me atormentar? Pra me deixar louca?

JÚLIO – Eu não voltei pra te atormentar, voltei porque preciso reparar os meus erros do passado.

ESTELA – Quero você bem longe de mim, não quero olhar pra essa sua cara nunca mais. Você acabou com a minha vida, quase acabou com a minha reputação. O que você quer mais?

JÚLIO – Eu quero saber da minha filha.

ESTELA – Que filha? Você não tem filha nenhuma.

JÚLIO – A filha que você estava esperando quando eu sair da cidade. Sei muito bem que você casou com o babaca do Gael, que ele criou a minha filha. Eu exijo conhecer a menina.

ESTELA – Como consegue ser tão cara de pau? Nunca mais chega perto de mim.

Estela sai andando. Júlio segura no braço dela.

ESTELA – Solta o meu braço.

JÚLIO – Não terminei a nossa conversa.

ESTELA – Não temos nada para conversar. Eu odeio você, odeio esse seu jeito sonso. Você me trás péssimas lembranças. Por sua culpa, eu perdi toda a minha adolescência. Eu sinto nojo quando olho pra sua cara.

Estela cospe no rosto de Júlio.

ESTELA – Some da minha vida.

Estela sai andando. Júlio limpa o rosto.

12
INT. CASA ESTELA E GAEL. SALA. DIA

Estela sentada no sofá, muito chorosa. Gael entra.

GAEL – Conseguir sair mais cedo pra almoçar com você... Que cara é essa, Estela?

Estela enxuga suas lágrimas.

GAEL – Aconteceu alguma coisa?

ESTELA – Ele voltou.

GAEL – Ele quem?

ESTELA – O Júlio. Ele me encontrou no meio da rua e queria saber da filha dele.

Gael fica em choque.

ANOITECER DA CIDADE...

13
INT. MANSÃO PREFEITO. MESA DO JANTAR. NOITE

Júlio, Rafael e Valéria jantando...

VALÉRIA – Estou muito contente pela sua volta, meu filho.

JÚLIO – Também estou muito feliz de ter voltado. Muita coisa mudou aqui na cidade. Nem parece mais ser aquele vilarejo sem graça de antes. Tem até uma faculdade e hospital público. Aposto que tudo isso é coisa do senhor, né?

RAFAEL – Não. Essa obra foi feita através de uma doação anônima milionária.

JÚLIO – Doação anônima? Mas quem é o idiota que investiu nessa cidade? Pelo visto essa pessoa deve ser muito rico ou rica. E o que aconteceu com o Joaquim?

RAFAEL – Melhor não tocar nesse assunto.

VALÉRIA – Ele foi embora assim que você viajou. Foi uma alegria pra toda a cidade.

JÚLIO – Coitadinho... Mas quem mandou se meter na vida da Melissa? Ela é um diabo em pessoa.

A campainha da mansão toca. A empregada abre a porta. Gael entra na mansão e encara Júlio.

GAEL – Seu desgraçado!

Gael pega Júlio pela blusa e joga ele no chão.

JÚLIO (asustado) – Que isso? Quem é você?

GAEL – Por que você voltou, maldito? Não tinha nada que ter procurado pela Estela.

JÚLIO – Gael?

Gael acerta dois socos no rosto de Júlio (na mesma hora sangra).

VALÉRIA – Solta o meu filho.

Os seguranças entram na mansão e seguram Gael.

RAFAEL – O que foi dessa vez?

GAEL – Foi ele que abusou da Estela. Foi o seu filho que quase acabou com a vida minha mulher.

Rafael fica sem reação.

RAFAEL – Que história é essa?

VALÉRIA – Isso é mentira dele, meu marido. Júlio seria incapaz de fazer uma barbaridade dessas.

RAFAEL (gritando) – Você fez isso, Júlio?

Júlio encara Gael.

RAFAEL – Não posso acredita que você fez uma coisa dessas, Júlio.

JÚLIO – Mas eu não fiz nada.

GAEL (nervoso) – Toma vergonha nessa sua cara e assuma o que você fez. Você fez muito mau pra ela no passado e até hoje ela não superou o que você fez com ela.

JÚLIO – Eu me arrependo de tudo.

GAEL – Do que adianta o seu arrependimento? Seu arrependimento não vai apagar o sofrimento dela. Se você ousar a se aproximar dela de novo, eu acabo com tua raça.

VALÉRIA – Tá ameaçando o meu filho?

GAEL – Isso não é uma ameaça, é uma promessa.

RAFAEL – Que lástima.

GAEL – Perdão por invadir a sua casa, senhor prefeito. E você, Valéria, aprenda a educar os seus filhos. Porque pelo que estou vendo, todos eles são mau caráter.

Gael se retira da mansão.

JÚLIO – Pai...

RAFAEL (gritando) – Cala essa merda da sua boca.

Rafael acerta um tapa no rosto de Júlio.

VALÉRIA – Que isso, Rafael?

RAFAEL (gritando/nervoso) – Sai da minha frente agora!

JÚLIO – O senhor não deveria ter feito isso.

Júlio sobre para o quarto. Rafael senta na cadeira, decepcionado.

14
EXT. PRAÇA JARDIM DO VALE. NOITE

Matias sai do carro e olha ao redor da praça.

MATIAS – Até que essa cidade é bonita.

Matias tira o celular do bolso e faz uma ligação para Joaquim.

MATIAS (ao cel) – Acabei de chegar na cidade de Jardim do Vale.

alternar com Joaquim no corredor do hospital

JOAQUIM (ao cel) – Bom saber. Encontrou alguém das fotos que enviei?

MATIAS (ao cel) – Ninguém até o momento. Bem provável que amanhã eu já encontre alguns deles. O primeiro que eu vou tentar me aproximar será o filho do prefeito, como o senhor ordenou.

JOAQUIM (ao cel) – Não faça nada de errado, Matias. Qualquer erro seu, estamos prejudicados.

MATIAS (ao cel) – O senhor não precisa se preocupar. Sei muito bem o que fazer.

JOAQUIM (ao cel) – Excelente. Não vejo a hora de colocar cada um deles em seu devido lugar.

15
INT. APARTAMENTO LUCAS. SALA. NOITE

Lucas deitado no sofá. Ranulfo entra na sala.

Lucas está deitado na cama, ele está pensativo. Ranulfo entra no quarto e deita ao lado dele.

RANULFO – Você está tão quieto. O que você tem?

LUCAS – Não tenho nada. Só estava pensando na vida.

RANULFO – Você tá assim desde a hora que sua mãe saiu daqui de casa.

Lucas senta e Ranulfo senta ao seu lado.

LUCAS – Fico pensando como que uma pessoa pode ter maldade no coração? Isso é uma coisa tão horrível, que eu não consigo me imaginar sendo assim.

RANULFO – Graças à Deus, que você não é igual a sua mãe. Você é um homem doce, que não é capaz de fazer mal para ninguém.

LUCAS – Sabe, eu tenho muito medo que ela possa fazer alguma coisa contra você, se eu não estiver junto. Tudo isso fica passando pela minha cabeça e eu fico doido.

RANULFO – Para de pensar nessas coisas ruins. Nada de ruim vai acontecer comigo.

LUCAS – Vamos embora, vamos sair desse país, vamos sumir no mundo.

RANULFO – Você quer fazer isso mesmo?

LUCAS – Quero. Eu não quero mais viver com essa angústia.

RANULFO – Então vamos pra onde você quiser tá bom?

LUCAS – Tá bom.

Lucas e Ranulfo se abraçam.

AMANHECER DA CIDADE...

16
EXT. RUA JARDIM DO VALE. DIA

Matias parado em frente a mansão do Prefeito.

MATIAS – Será que essa é a casa do prefeito?

Júlio desce a escadaria da mansão. Matias o reconhece e abre um sorriso.

MATIAS – Bom dia! Será que eu poderia falar com o prefeito?

JÚLIO (desconfiado) – O que você quer com ele?

MATIAS – Meu nome é Matias, estou procurando um emprego pela cidade, mas até agora não conseguir nada. Minha empresa faliu, tenho uma família pra sustentar e o senhor prefeito é o único que pode me ajudar.

JÚLIO – Infelizmente não temos nenhuma vaga de empregos aqui na mansão. Deixe o seu currículo e quem sabe você não tem a sorte de trabalhar conosco ano que vem?

Júlio abre o portão e sai andando. Matias se ajoelha no chão.

MATIAS – Eu aceito trabalhar de qualquer coisa, mas sabendo que terei um salário para comprar o pão de cada dia, eu já fico feliz. Por favor, senhor, eu lhe imploro por uma vaga de emprego. Sei que o prefeito sempre arruma um jeito de empregar as pessoas.

JÚLIO – Levanta desse chão.

Matias levanta do chão.

JÚLIO – Eu vou te ajudar, mas nunca mais me faça passar por essa vergonha.

MATIAS – O senhor vai me arrumar um emprego?

JÚLIO – E tenho outra escolha?

MATIAS – Que Deus te abençoe.

17
INT. PREFEITURA. SALA RAFAEL. DIA

RAFAEL – De onde que você é?

MATIAS – Sou da cidade vizinha.

RAFAEL – O que você fazia antes de perder o emprego?

JÚLIO – Não faça tantas perguntas para ele. O cara tá querendo trabalhar, tem uma família pra sustentar.

RAFAEL – Se uma pessoa quer trabalhar diretamente comigo, eu tenho que saber tudo sobre a vida da pessoa.

MATIAS – Trabalhar diretamente com o senhor?

Rafael senta na cadeira.

RAFAEL – É isso mesmo. Essa semana tivemos que demitir o nosso antigo motorista. Você sabe dirigir, não sabe?

MATIAS – Sim, senhor.

JÚLIO – Já é uma oportunidade de contratar ele.

Rafael fica pensativo.

RAFAEL – Volte amanhã com a sua carteira de trabalho e com seus documentos.

MATIAS – O senhor vai me contratar?

RAFAEL – Você já está contratado.

MATIAS (feliz) – Muito obrigado pela oportunidade, senhor prefeito.

RAFAEL – Estou colocando a segurança da minha família nas suas mãos.

MATIAS – Nunca vou decepcionar o senhor.

Matias e Rafael se cumprimentam.

18
INT. MANSÃO ISADORA E JOAQUIM. QUARTO. DIA

JOAQUIM (ao cel) – Como você conseguiu uma vaga de emprego diretamente na mansão do Prefeito?

MATIAS (ao cel) – Eu sou advogado criminalista, estou acostumado a lidar com pessoas psicopatas, que conseguem manipular as pessoas.

JOAQUIM (ao cel) – Essa notícia é maravilhosa, Matias. Você trabalhando com a família, terá acesso à muitas informações que precisamos. Você realmente sabe o que está fazendo.

MATIAS (ao cel) – Não disse que o senhor poderia contar comigo? Sua vingança vai se sair melhor que você imaginava.

JOAQUIM (ao cel) – Não vejo a hora de voltar.

MATIAS (ao cel) – Já comprei as passagens que me pediu e dei entrada no cartório pra passar a mansão pro seu nome. Semana que vem o senhor poderá embarcar.

JOAQUIM (ao cel) – Só quero ver a cara deles quando verem que o menino que saiu daí pra ser morto, virou um homem rico que está pronto pra se vingar.

Joaquim sério.

19
EXT. RIO DE JANEIRO/LEBLON. CARRO. DIA

Carmen dentro do carro ao lado dos traficantes.

CARMEN – Esse é o condomínio que eles moram. Vocês tem que matar esse rapaz.

Carmen mostra a foto de Ranulfo.

CARMEN – Ele que é a minha vítima.

HOMEM¹ – Pode deixar com a gente. Vamos acabar com esse intruso agora mesmo.

CARMEN – Era isso que eu queria ouvir.

HOMEM² – Os nossos homens já estão armados, prontos pra fazer o serviço.

CARMEN – Atirem até não sobrar mais nada dele.

Close na Carmen séria.

20
INT. APARTAMENTO LUCAS. SALA. DIA

Ranulfo fecha a mochila.

RANULFO – Tá tudo bem aí, Lucas?

LUCAS (voz) – Tô procurando o meu relógio.

RANULFO – Vai demorar muito? Não podemos nos atrasar.

LUCAS (voz) – Só um minutinho.

RANULFO – Eu vou descer, tirar o carro da garagem e te aguardar no carro.

LUCAS (voz) – Ok.

Ranulfo pega a mochila e se retira do apartamento.

21
INT. GARAGEM. DIA

Ranulfo entra no carro e fica aguardando por Lucas. Lucas abre a porta do carro e entra.

LUCAS – Achei o meu relógio.

RANULFO – Podemos ir?

LUCAS – Podemos.

Lucas e Ranulfo se beijam. Ranulfo liga o carro e pisa no acelerador. Dois carros pretos cercam a saída da garagem. Quando o carro de Ranulfo sai para fora, eles são surpreendidos pelos bandidos, que saem do carro atirando contra o carro de Ranulfo. São muitos tiros contra o carro. Ranulfo é atingindo na cabeça e no corpo. Lucas entra em desespero, mas continua agachado no carro. Os bandidos param de atirar e entram no carro.

HOMEM – Vamo embora, vamo embora.

Os dois carros saem em alta velocidade.

LUCAS (chorando) – Meu amor.

Lucas abraça o corpo de Ranulfo, que já está morto.
As pessoas se aproximam e começam a cercarem o carro. A CAM se afastando do local.

22
INT. COPACABANA PALACE. QUARTO. DIA

Melissa entra no quarto. Seu celular toca e ela atende.

MELISSA (ao cel) – Espero que tenha boas notícias.

CARMEN (ao cel) – Pois eu tenho a melhor notícia do mundo. Conseguimos nos livrar do Ranulfo. O caminho finalmente tá livre pra você.

MELISSA (ao cel) – Não me diga que...

CARMEN (ao cel) – Ele está morto.

Close na Melissa, que pula de alegria com a notícia.

FIM DO CAPÍTULO...