DIAS FELIZES — PRIMEIRO CAPITULO
[CENA
01] EXT. SÃO PAULO — DIA
CENTRO
DE SÃO PAULO, 25 DE MARÇO. RUAS CHEIAS DE PESSOAS CAMINHANDO COM SACOLAS DE
LOJAS. TRÂNSITO MOVIMENTO AVENIDA PAULISTA. TRANSIÇÃO LENTA PARA LANCHONETE BOM
SABOR.
[CENA 02] INT. LANCHONETE BOM SABOR — SÃO PAULO — DIA
Duas
moças estão sentadas em uma das mesas na lanchonete. Mel está animada e faz
suspense a sua amiga, helena.
HELENA
Ah,
Mel! Conta logo, sou ansiosa. O que é tão especial para você me trazer aqui.
Desconfio que seja algo muito bom. Tá com sorriso de orelha a orelha!
MEL
Gosto
de deixar você ansiosa, nega! Me diverte você curiosa. Mas vou contar: estou
namorando Carlos, aquele ricaço. Conheci ele em uma baladinha chique, aquela
que ganhei no sorteio. Ele está apaixonado por mim. Estou tão feliz! Finalmente,
a minha vida vai mudar.
HELENA
Amiga?
Esse não é aquele que tem fama de galinha? Por favor, tenha cuidado, tá bom? Não
quero te ver iludida e tristeza.
MEL
Ah
amiga, mas ele nunca tinha provado uma gostosa igual a mim. (sorri, mordendo os
lábios)
As
duas rirem e continuam a conversa.
[CENA
03] INT. CASA DE PAULO — SÃO PAULO — DIA
Paulo
está sentado na mesa de jantar com papeis ao redor e uma calculadora, ele olha
os papais e digita os números. Sua mãe aparece na porta da cozinha e o chama
para tomar café da manhã.
JOSEFA
Filho,
venha tomar um cafezinho. Seu pai está sentado te esperando.
PAULO
Tô
indo, mãe!
Paulo
finalizada as somas e se alegra. Ele vai para cozinha e beija sua mãe na bochecha
e beija seu pai na testa.
PAULO
Este
mês vai sobrar um pouco de dinheiro. Já vou deixar reservado para a exame do
coração do papai.
FELIPE
Filho,
não precisa se preocupar. Estou bem. [tosse] Só essa tossi que não passa. [tosse]
PAULO
O
senhor está tossindo muito. Precisa refazer o check-up. E o senhor sabe que os
exames no SUS está sem data para marcação. Bom... o que dê para gente ir
fazendo no particular, já vai ser de grande ajuda.
Eles
tomam café e Paulo deixa o local.
PAULO
Vou
passar na lotérica e depois vou trabalhar. Se cuidem! Bom dia!
Josefa
e Joao conversam.
[CENA
04] INT. APARTAMENTO MARRONE — SÃO PAULO — DIA
Luane
está deitada em sua cama, apenas de calcinha e sutiã. A Dona Gilda bate na
porta, mas não ouve resposta e entra no quarto.
GILDA
Acorda,
menina. Já são quase 13h. O almoço está esfiando. Bora!
LUANE
Ah...
(bufa) não enche, velhota. Levanto a hora que quiser.
GILDA
Menina,
você está pálida, sem se alimentar direito, só curtindo as festinhas com coisas
nada saudáveis.
Gilda
dá dois puxões nos pés de Luane.
GILDA
São
ordem dos seus pais, não me faça relatar sua desobediência a eles.
LUANE
Que
chatice. Já acordei! (se levanta). Satisfeita?
GILDA
Ainda
não. Lave esse rosto, vista-se e deixa, vou por a mesa para você.
Gilda
deixa o quarto e Luane xinga a governanta.
[CENA
05] INT. APARTAMENTO LOPES — SÃO PAULO — DIA
Carlos
entra na cozinha com telefone no ouvido, conversando com um amigo. Ele pega uma
maça, morde e se apoia na ilha.
CARLOS
Estou
salivando só de pensa naquela garota de ontem a noite. Cara, ela é um violão,
gostosa demais. Uma pena que não deu para traçá-la. Mas marquei com ela na
sexta. Não vou perder a oportunidade.
LUCAS
(OFF)
Vê
se ela tem alguma amiga para mim, não seja pão duro.
CARLOS
Se
ela tiver e for igual a ela, gostosinha, vou comê-la também. Comigo não rola
essa de dividir com os manos. (sorri maliciosamente)
LUCAS
(OFF)
Que
filho da puta egoísta.
Eles
rirem e a conversa continua.
[CENA
06] INT. LOTERIA SORTE GRANDE — SÃO PAULO — DIA
Paulo
está na fila da lotérica com boletos nas mãos. Logo em seguida, ele é atendido.
ATENDENTE
Boa
tarde, senhor. Ficou o total de 750 reais. Quer aproveitar e tentar a sorte na
mega-sena? Está acumulada 250 milhões de reais.
PAULO
Não
sei, moça. Nunca joguei. Acredito muito no trabalho e no suor, mas não na
sorte.
ATENDENTE
São
apenas 4 reais, custa pouco sonhar. Bora, rapaz, mudar de vida.
Paulo
sente algo em seu coração e alguns números vem em seu pensamento.
PAULO
É
verdade, moça. Vou entregar nas mãos de Deus, que seja o que ele quiser.
Paulo
deixa o local sorridente, com suas contas pagas e o recibo da aposta na mão...
[CENA
07] INT. CASA DE HELENA — SÃO PAULO — NOITE
Helena
chega em sua casa, já tirando as roupas. Ela caminha para o banheiro, liga o
chuveiro, deslisando na parede até o chão. Ela chora silenciosamente. Ela
permanece na posição por algum tempo. Ela se assusta quando ouve a porta do
banheiro.
EDUARDA
Filha?
Está bem? Chegou do trabalho e se enfiou nesse banheiro... Aconteceu alguma
coisa?
HELENA
Estou
saindo mãe, não se preocupe.
Helena
pega a toalha e deixa o banheiro.
EDUARDA
Você
sabe que pode contar tudo para mim, filha. Estou aqui para te ouvir.
HELENA
Eu
sei, mãe. É coisa do trabalho. Vai passar. Não estou com fome, vou descansar. Boa
noite, mãe.
Helena entra em seu quarto. Ele está bagunçado com roupas jogadas por todos os lados. Ela veste um pijama e se deita na cama.
[CENA
08] INT. CASA DE PAULO — SÃO PAULO — NOITE
Paulo
está assistindo TV, esperando o sorteio da Mega-Sena. Com o papel na mão com os
seis números. Enquanto não começa, ele faz uma oração.
PAULO
Sei
que não sou merecedor de suas bênçãos, senhor Deus. Mas meus pais precisam de
tratamento, me ajude com este milagre. Serei seu servo fiel! Faço este voto.
Amém!
O
sorteio começa e os números vão sendo chamados. 23 – 50 – 42 – 13 – 33 – 54...
PAULO
MEU
DEUS! NÃO ACREDITO! DEUS! (GRITA)
Paulo
confere mais uma vez, repete algumas vezes. Ele não está acreditando.
PAULO
Ganhei!
Ganhei!
Paulo
cai de joelho e chora descontroladamente.