novela criada e escrita por
MARCOS CASTELLI
escrita com a colaboração de
DOUGLAS VICENTE
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01
INT. CASA JOSEFINA E LUIS CARLOS. QUARTO. DIA
Joaquim saindo do banheiro, enrolado na toalha. Ele senta na cama e fica pensativo. Gael entra no quarto e Joaquim se assusta.
GAEL – Me desculpa, eu não queria te assustar.
JOAQUIM – Você não me assustou.
GAEL – Você deve ser o neto da dona Josefina e do Luís Carlos, certo?
JOAQUIM – Sim.
GAEL – Meu nome é Gael.
Gael estende sua mão para cumprimentar Joaquim. Joaquim também estende sua mão e os dois se cumprimentam.
GAEL – Estou fazendo um intercâmbio aqui na cidade, mas eu moro mesmo é em Portugal.
JOAQUIM – Fiquei sabendo...
GAEL – Bom, eu vou deixar você terminar de se arrumar. Seja muito bem vindo, viu?
JOAQUIM – Obrigado!
Gael se retira do quarto...
02
EXT. ESCOLA JARDIM DO VALE. ENTRADA/SAÍDA. DIA
Estela e Júlio saindo da escola...
JÚLIO – Tudo certo pro nosso encontro mais tarde?
ESTELA – Mas é claro que sim.
JÚLIO – Então estarei te esperando aqui na praça.
ESTELA – Pode esperar.
JÚLIO – Eu te amo!
Júlio beija a bochecha de Estela e sai andando... Melissa vai até Estela.
MELISSA – Vamos ao shopping? O motorista do meu pai daqui a pouco está chegando.
ESTELA – Infelizmente você terá que ir sozinha. Meus pais não me deram um custão.
MELISSA – E desde quando o dinheiro é o problema?
ESTELA – Se é assim vamos.
Corta para:
Joaquim saindo para fora. Ele caminha pela calçada e deixa seu colar de coração cair no chão. O colar fica preso no buraco do bueiro.
JOAQUIM – Ai, não.
Joaquim abaixa e tenta puxar o colar.
JOAQUIM – Solta.
Um carro vem na direção dele. Lucas jogando futebol com seus amigos, quando vê o carro se aproximando de Joaquim.
LUCAS – Oh, menino. Sai do meio da rua, que o carro está vindo.
Joaquim não ouve. O carro se aproxima cada vez mais rápido. Lucas deixa a bola cair no chão e corre na direção de Joaquim. O colar solta e Joaquim cai no chão. Melissa que estou de longe grita:
MELISSA – Lucas!
Lucas corre o mais rápido que pode. Joaquim levanta do chão e fica paralisado olhando para o carro. Lucas empurra Joaquim, que cai na calçada. Lucas é quase atropelado, mas o motorista freia.
MOTORISTA (bravo) – Tá ficando maluco, seu moleque? Olha pra onde anda.
O motorista acelera... Lucas se aproxima de Joaquim.
LUCAS – Você está bem?
Joaquim e Lucas se olham fixamente...
JOAQUIM – Graças à você, sim.
Melissa atravessa a rua e vai até eles.
MELISSA – O que deu em você? Entrar na frente de um carro, correndo risco de ser atropelado.
LUCAS – Também não é pra tanto. O motorista que não devia está dirigindo em alta velocidade.
JOAQUIM – A culpa também é minha. Eu não tinha nada que ficar no meio da rua.
MELISSA – Ainda bem que você sabe que a culpa é sua. Vamos embora, meu amor.
Melissa puxa Lucas... Joaquim levanta do chão.
03
EXT. PRAÇA JARDIM DO VALE. DIA
Lucas e Melissa sentados no banco.
MELISSA – Não me entra na cabeça do porquê você entrou na frente do carro pra salvar uma pessoa que você nem conhece.
LUCAS – Eu não poderia ver o menino sendo atropelado bem na minha frente e não fazer nada, né?
MELISSA – Ele que se salvasse sozinho. Nunca nem vi esse menino por aqui. Aposto que é um caipira que acabou de chegar na cidade.
LUCAS – Será que podemos esquecer esse assunto? Não quero mais falar desse menino.
MELISSA – Eu te amo tanto, meu amorzinho.
Melissa beija Lucas.
MELISSA – Não sei o que seria da minha vida se você fosse atropelado. Eu ficaria com remorso pelo resto da minha vida.
LUCAS – Tão dramática... Nem parece que mais cedo estava de mal comigo.
MELISSA – Agora não estou mais. E se você quiser...
Melissa pega na mão de Lucas e leva até sua perna.
MELISSA – Pode passar a mão na minha perna, mas discretamente.
LUCAS – Que tal se irmos para minha casa? Nesse momento não tem ninguém lá.
MELISSA – Excelente ideia.
Lucas e Melissa se beijam.
(ANOITECER DA CIDADE...)
04
INT. CASA JOSEFINA E LUIS CARLOS. QUARTO. NOITE
Joaquim olhando da janela do quarto. Josefina entra.
JOSEFINA – Joaquim?
JOAQUIM – Oi, vó.
JOSEFINA – Tudo bem com você?
JOAQUIM – Só estou um pouco cansado, mas estou bem.
JOSEFINA – Tenho uma notícia boa pra você. Hoje, enquanto você estava descansado, eu conversei com a diretora da escola daqui cidade. Eu expliquei sobre sua situação pra ela e perguntei se tinha uma possibilidade de você estudar lá como bolsista.
JOAQUIM – E qual foi a resposta?
JOSEFINA – Ela quer conversar com você amanhã. É meio que uma entrevista pra saber se você está apto para estudar em uma escola tão boa.
JOAQUIM – Muito obrigado, vó.
Joaquim abraça Josefina.
JOAQUIM – Tenho certeza que vou conseguir essa bolsa. Eu não vou decepcionar a senhora.
JOSEFINA – Eu tenho certeza que não.
05
INT. MANSÃO PREFEITO. QUARTO MELISSA. NOITE
Melissa sentada de frente para o espelho, penteando seus cabelos lisos. (Batidas na porta).
MELISSA – Pode entrar.
Júlio abre a porta e entra.
MELISSA – O que faz aqui em meu quarto?
JÚLIO – Tô precisando de uma grana.
MELISSA – E eu tenho cara de banco? (ri).
JÚLIO – Daqui a pouco tenho um encontro com a Estela. Estou sem nenhum custão no bolso, nem no meu cartão de crédito.
MELISSA – Ninguém manda ficar gastando dinheiro com besteiras. Se fosse economista como eu, não estaria passando por essa situação. (levanta da cadeira). Eu não posso te dar esse dinheiro.
JÚLIO – Por que? Eu sei que você tem.
MELISSA – Mas eu não quero.
JÚLIO – Tem certeza? Olha que eu conto tudo que eu sei pro nosso pai.
MELISSA – Do que você sabe?
JÚLIO – Que você não é mais mocinha.
MELISSA – Fala isso baixo.
JÚLIO – Também sei que você sai todas as tardes pra ficar de namorico com o Lucas.
Melissa encara seu irmão com ódio.
MELISSA – De quanto você precisa?
Júlio sorri satisfeito.
06
EXT. PRAÇA JARDIM DO VALE. NOITE
Estela aguardando por Júlio.
ESTELA – Espero que ele não demore muito.
Júlio surge atrás de Estela e abraça ela por trás.
JÚLIO – Oi, meu amor.
Eles se beijam.
JÚLIO – Demorei muito?
ESTELA – Nem um pouco.
JÚLIO – Tá ansiosa pro passeio?
ESTELA – Muito.
JÚLIO – Então vamos.
Júlio segura na mão de Estela. Eles saem caminhando...
07
INT. MANSÃO CARMEN. QUARTO LUCAS. NOITE
Lucas relaxado na banheira, pensando na cena em que salvou a vida de Joaquim.
LUCAS – Será que ele se machucou? Nem tive tempo de perguntar se ele realmente estava bem. Também, a Melissa fica infernizando a minha vida.
Lucas levanta da banheira, veste o roupão e sai... Ele fica parado de frente para o espelho, pensativo.
LUCAS – Será que eu devo procurar por ele? Pelo menos pra saber onde ele mora e o nome dele... Por que ele não sai da minha cabeça? É só mais um menino do interior, que talvez nem vá com a sua cara, Lucas. Mas ele me olhou de um jeito... de um jeito como ninguém nunca me olhou na vida.
Lucas dá tapas no rosto.
LUCAS – Para de pensar, que você ganha mais.
Lucas fica pensativo...
08
INT. MANSÃO PREFEITO. COZINHA. NOITE
A empregada preparando a calda de chocolate para o bolo de cenoura. Rafael entra na cozinha, com os olhos fechados, sentindo apenas o cheiro bom do chocolate.
RAFAEL – O que faz de bom para a sobremesa?
EMPREGADA – Bolo de cenoura.
RAFAEL – Me dá um pouco desse brigadeiro.
EMPREGADA – Infelizmente não posso, senhor.
RAFAEL (indignado) – Como não pode? Eu sou o seu patrão, deve me obedecer.
Valéria entra na cozinha.
VALÉRIA – Não insista, Rafael. Ela só está seguindo as minhas ordens. Nenhum empregado dessa casa deve te dar doces.
RAFAEL – Ah, então foi ordens suas? Isso que você está fazendo como se chama tortura. TOR-TU-RA!
VALÉRIA – Estou fazendo isso pela sua saúde. E nada de comer doces, tá me ouvindo?
RAFAEL – Eu vou é comer doces, sim.
VALÉRIA – Veremos.
Rafael vai para um lado e Valéria também. Ele vai para o outro e ela também. Valéria põe as mãos na cintura e encara Rafael.
RAFAEL – Quer saber? Vai catar feijões.
Ele sai revoltado da cozinha.
VALÉRIA – E depois a culpa de ser uma péssima esposa é minha.
Valéria se retira da cozinha.
EMPREGADA – Só tem loucos nessa família.
09
EXT. PRAÇA JARDIM DO VALE. CORETO. NOITE
Estela e Júlio aos beijos.
ESTELA – Ainda bem que não tem quase ninguém na praça.
JÚLIO – Só assim que podemos ficar bem juntinhos, sem o julgamento de ninguém.
Eles retornam a se beijarem. Júlio põe as mãos na cintura de Estela e aos poucos vai descendo elas... Estela afasta ele.
JÚLIO – O que foi dessa vez?
ESTELA – Eu sou uma moça pura. Nunca fiquei com nenhum outro rapaz. Estou me aguardando todo esse tempo pra você, Júlio.
JÚLIO – Sei disso, meu amor.
ESTELA – Sinto que esse não é o momento certo. Por isso que peço para não acariciar minhas pernas.
JÚLIO – Me desculpa. Fui um pouco desrespeitoso com você, né?
ESTELA – Não, imagina.
JÚLIO – Isso não voltará a se repetir.
Eles se abraçam. Júlio revira os olhos.
10
INT. CASA CARMEN. SALA DE JANTAR. NOITE
Carmen, Mariano e Lucas fazendo a refeição. Todos estão calados, mas ouvem o barulho dos talheres de Lucas, que come depressa. Carmen fica observando.
CARMEN – Tá acontecendo alguma coisa, meu filho?
LUCAS – Por que?
CARMEN – Porque todas as vezes que tem algo acontecendo, você come depressa, come rápido demais.
MARIANO – Não começa, Carmen... Deixa o menino comer em paz.
CARMEN – O senhor não se mete.
LUCAS – Não precisa falar assim com ele, mamãe.
MARIANO – Já estou acostumado com esse tratamento bruto da sua mãe. Por mais que eu tenha educado essa menina, ela não aprendeu nada.
CARMEN – Responde a minha pergunta, Lucas.
LUCAS – Não, não está acontecendo nada. Só estou começando rápido, porque tenho que finalizar as minhas lições de casa.
CARMEN – Espero que seja isso mesmo. Como tá indo o namoro com a Melissa?
LUCAS (desanimado) – Tudo na mesma.
CARMEN – Faço muito gosto do namoro de vocês. Não vejo a hora de vocês dois se casarem logo.
MARIANO – Ele tem que casar com a pessoa que ele escolher, e não porque você quer.
CARMEN –Eu só quero o meu filho muito bem casado. Quem mais seria a pretendente perfeita para o lorde que é o meu filho? É claro que é a filha do prefeito. Não quero ele casado com uma menina pobre, feia, que fique dependendo do nosso dinheiro.
MARIANO – Para de falar, Carmen. Não tá vendo que tá deixando o menino estressado?
LUCAS – Perdi a apetite.
Lucas se retira...
MARIANO – Para de ficar martelando a cabeça do seu filho. Não tá vendo que ele se sente pressionado por você?
CARMEN – O problema é dele. Agora, eu não vou aceitar outra pessoa como nora. Se ele me aparecer com outra namorada, eu faço um inferno na vida dos dois.
(AMANHECER DA CIDADE...)
11
INT. MANSÃO PREFEITO. QUARTO MELISSA. DIA
O despertador de Melissa toca. Ela estica sua mão e joga o despertador no chão. Quando abre os olhos, ela se depara com uma caixa de veludo em cima da mesa de cabeceira.
MELISSA – O que é isso?
Melissa pega a caixa de veludo e abre: é um anel de brilhante. Melissa fica surpresa.
MELISSA – Não acredito que ele fez minha vontade.
Melissa põe o anel de brilhante no dedo.
MELISSA – Que coisa mais linda... Por isso que eu amo aquele menino. Ele é o homem certo pra ser o meu futuro marido.
Melissa levanta da cama.
MELISSA – Minhas amigas vão morrer de inveja. (ri).
12
EXT. ESCOLA JARDIM DO VALE. ENTRADA PRINCIPAL. DIA
Joaquim parado em frente à escola.
JOSEFINA – Não vai entrar? Já tá na hora.
JOAQUIM – Eu tô com um pouco de medo.
Gael aparece atrás de Joaquim.
GAEL – Não precisa ter medo.
JOSEFINA – Não mesmo.
GAEL – No máximo que ela pode fazer é passar uma prova de avaliação e te fazer algumas perguntinhas. Eu tenho certeza que nessa você se sai bem.
JOAQUIM – Será mesmo?
GAEL – Não acredita no seu potencial? Essa bolsa é uma grande oportunidade de recomeçar a sua vida. Não perde mais tempo e entra logo nessa escola.
JOAQUIM – Me desejam boa sorte.
JOSEFINA – Boa sorte!
GAEL – Boa sorte, Joaquim!
Joaquim respira fundo e entra na escola.
13
INT. ESCOLA JARDIM DO VALE. DIRETORIA. DIA
Joaquim finaliza a prova e entrega para a diretora.
DIRETORA – Muito bem. Estarei avaliando sua prova e ainda hoje estarei entrando em contato.
JOAQUIM – Diretora, por mais que eu vá bem nessa prova e nem na entrevista, eu lhe peço uma oportunidade de estudar aqui. Essa é uma das melhores escolas da cidade, é a única que pode me dar oportunidades nas faculdades futuramente.
DIRETORA – Essa decisão não depende só de mim. Outras pessoas também vão avaliar sua prova. Sei que é um bom menino e me parece muito esforçado.
JOAQUIM – Sempre fui uma pessoa esforçada. Onde eu estudava, o ensino era muito ruim e as vezes nem aula tinha por conta do calor. Mas minhas notas eram tudo acima do nove.
DIRETORA – Imagino o quanto deve ser difícil estudar nessas condições. Eu vou ver o que posso fazer por você, mas tenho certeza que se saiu bem na prova.
JOAQUIM – Que Deus te ouça. Tenha um ótimo dia.
Joaquim se retira...
14
EXT. ESCOLA JARDIM DO VALE. PÁTIO. DIA
Melissa sentada no banco, mostrando seu anel de brilhante para suas amigas.
MELISSA – Foi o, Lucas quem me deu de presente. Eu disse que ele faz tudo que quero. Não fiquem com inveja, meninas. Não tenho culpa se meu namorado tem condições de me propor o melhor.
Joaquim desce a escadaria do pátio. Melissa vê Joaquim e seu sorriso some do rosto.
MELISSA – O que esse indivíduo faz aqui?
Melissa sorri.
MELISSA – Tive uma ideia.
Joaquim andando, observando os alunos. Melissa disfarça e estica um de seus pés. Joaquim se distrai e tropeça no pé de Melissa. Todos riem de Joaquim caído no chão. Lucas entra na escola e vê Joaquim no chão. Ele vai correndo até Joaquim e estende sua mão. Joaquim segura na mão dele e levanta.
LUCAS – Você está bem?
Joaquim olha ao redor e sai correndo... Lucas corre atrás dele.
MELISSA (ódio) – Não acredito que ele fez isso.
FIM DO CAPÍTULO...
